‘Derrotar a direita’, eis o consenso


Forças da esquerda brasileira divergem quanto ao apoio à candidatura de Dilma Rousseff (PT) no segundo turno Grosso modo, a disputa entre petistas e tucanos representa, para alguns analistas, o antagonismo entre dois projetos de nação. Para outros, são duas faces de uma mesma moeda. O posicionamento das forças de esquerda nesse segundo turno reflete um pouco dessas diferentes visões. A Via Campesina optou por encampar a candidatura de Dilma. O PSOL - Partido Socialismo e Liberdade defendeu um "não à Serra". O PCB - Partido Comunista Brasileiro se definiu pelo apoio crítico à Dilma. O PSTU - Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado posicionou-se pelo voto nulo.

A Via Campesina Brasil, que inclui organizações como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), declararam, mais que o voto a Dilma no segundo turno, o apoio de sua militância no corpo a corpo com a população. "Serra representa, em nível latino-americano, um aliado do imperialismo e um inimigo de todas as forças populares", afirma o integrante da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Luiz Dalla Costa.

"Sabemos que a Dilma não vai defender a implantação do socialismo no Brasil, e nem achamos que o socialismo vai ser implantado já. Nessa circunstância, agora, vamos votar e ajudar a eleger a Dilma", defende Dalla Costa. Apesar do apoio eventual, o coordenador do MAB ressalta que, após o pleito presidencial, a luta dos movimentos sociais continuará na defesa dos trabalhadores urbanos, dos atingidos por barragens e dos sem-terra, independente do governo.
Somando o apoio à Dilma, João Batista Lemos, secretário sindical nacional do Partido Comunista do Brasil (PC do B), acredita que o "voto nulo da esquerda é o que a direita gosta" e que uma derrota petista neste segundo turno, mesmo com todas as contradições que acompanharam o governo Lula, representaria um retrocesso nos avanços democráticos e sociais muito grande.

Para Marcelo Freixo (Psol), deputado estadual reeleito no Rio de Janeiro, o voto crítico à Dilma Roussef significa um voto específico de segundo turno. "O segundo turno não é o seu projeto (do Psol) que está em pauta; no segundo turno você vota num projeto menos prejudicial à sociedade que o outro e, depois, é fazer oposição ao vencedor", explica Freixo.

"Iguais"
Diferentemente pensa o PSTU, que defende o voto nulo no segundo turno. "Não existe um 'mal menor' nesse segundo turno. Votar em Dilma ou Serra vai fortalecer um deles para atacar com mais força os direitos dos trabalhadores", pontua o texto de Eduardo Almeida Neto, da Direção Nacional do PSTU e editor do jornal Opinião Socialista. Segundo ele, "cada voto dado em Dilma ou Serra é uma força a mais que eles terão para aplicar uma nova reforma da Previdência".

"Não acho que Dilma e Serra sejam iguais. Limão e lima não são iguais, mas ambas são frutas ácidas", pontua o membro da direção nacional do PSTU, doutor em história social pela USP, Valério Arcary, que salienta categoricamente que não votará em nenhum dos dois.

Ele vai além. Para Arcary, é necessário que a esquerda, "que se denomina anticapitalista", afirme sua posição de que não vai participar de um possível governo Dilma e não deve, "por razões óbvias, nem teóricas", fazer parte de um governo que quer manter o capitalismo."Não há nenhuma perspectiva de que seja um governo com alguma postura anticapitalista, mas sim um governo de gestão do capitalismo", afirma.

Criticando posturas como a do PSTU, em entrevista recente ao site IHU - Instituto Humanitas Unisinos, o analista político Wladimir Pomar, apontou para o fato de que "há muito tempo a esquerda e setores progressistas brasileiros sofrem da síndrome de confundir inimigos e amigos" e que, com o passar dos anos de governo petista, os entendimentos políticos tendem a se tornar mais complexos.

Brasil de Fato
Por Eduardo Sales de Lima
Da Redação

161 novas usinas eólicas até 2013


Multinacionais que fabricam equipamentos eólicos
anunciaram investimentos no Brasil/Foto: hddod.

A queda do preço da energia eólica e a alta do consumo energético no Brasil farão com que o país tenha 161 novas usinas até 2013 (hoje são 45), passando dos atuais 700 MW para 5.250 MW, segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. O crescimento do setor é associado a investimentos da ordem de R$ 18 bilhões, de acordo com o presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (AbeEólica), Ricardo Simões.
Com a crise internacional, o consumo de energia recuou em boa parte do mundo e os projetos de novas usinas foram paralisados, fator que deixou as fábricas de equipamentos com a capacidade ociosa elevada, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. No entanto, como o Brasil saiu rapidamente da crise e o consumo energético cresceu 12% ao ano, os fabricantes globais se voltaram para o país.
O interesse cada vez maior das multinacionais pelo mercado brasileiro se refletiu diretamente nos preços da energia, que surpreenderam até os mais otimistas do setor no primeiro leilão de eólicas, realizado em dezembro de 2009. Em média, os valores ficaram em R$ 148 o megawatt/hora (MWh) - um ano antes, custavam mais de R$ 200. Em agosto de 2010, o preço recuou para R$ 130, custo inferior aos registrados nas tradicionais pequenas centrais hidrelétricas e usinas de biomassa.
Multinacionais do setor eólico apostam no Brasil
Algumas multinacionais já atuam no Brasil e estão com a produção a plena carga, como a argentina Impsa e a norte-americana GE. A francesa Alstom vai inaugurar sua unidade na Bahia em 2011. A corrida para abocanhar uma fatia do mercado conta ainda com a espanhola Gamesa, a indiana Suzlon, a dinamarquesa Vestas e a alemã Siemens. Empresas coreanas e chinesas também podem se instalar no país futuramente.
"O Brasil está se preparando para ter 20% de energia eólica até 2020", afirmou ao Estadão Arthur Lavieri, que há dois meses assumiu o controle da Suzlon. A multinacional anunciará até novembro o nome da cidade, no Ceará, que vai receber uma fábrica de aerogeradores com capacidade para produzir até 600 pás e 500 MW de turbinas por ano. Será a única nova unidade do grupo até 2011. "Brasil, Índia e China são os três maiores mercados eleitos pela Suzlon".
Listamos para você as principais multinacionais do setor que investem no país:
Wobben Windpower - a empresa alemã pertence a Aloys Wobben, dono da Enercon, uma das maiores fabricantes de aerogeradores do mundo. Desde 1999, a companhia já ergueu 16 usinas no Brasil.
Siemens - a empresa alemã, referência mundial na produção de turbinas para hidrelétricas, também corre para conquistar uma fatia do mercado. Para estrear na produção de geradores eólicos no Brasil, a companhia planeja uma nova fábrica no Nordeste.
General Eletric (GE) - a empresa norte-americana ampliou a unidade de Campinas (SP) para atender os contratos firmados no primeiro leilão de energia eólica, realizado em dezembro de 2009.
Suzlon - a empresa indiana instalará uma fábrica no Ceará em 2011 com capacidade para produzir até 600 pás e 500 MW de turbinas por ano.
Iberdrola - a empresa espanhola teve forte participação nos últimos leilões e já encomendou equipamentos da fabricante Gamesa, que pretende abrir fábrica na Bahia.
Tecsis - a empresa brasileira fundada por engenheiros do Centro de Tecnologia Aeroespacial de São José dos Campos tem dez unidades de produção. Ela vai montar uma fábrica no complexo industrial de Suape, em Pernambuco.
Todos esses fabricantes de equipamentos firmaram pré-contratos com os investidores que participaram dos leilões e que construirão as usinas. Uma das empresas que mais fecharam negócios é a brasileira Renova. Com dez anos de mercado, ela fatura hoje R$ 37 milhões. Até 2013, esse valor vai quase multiplicar por dez com os novos contratos.
A Tecsis também vislumbra uma grande mudança. Em 15 anos de existência, todas as 30 mil pás produzidas pela empresa brasileira foram exportadas. "Já tive a oportunidade de ver nossas pás em operação no Japão, nos EUA, na Europa, e era uma frustração não vender para o Brasil", relatou o presidente da companhia, Bento Koike. "Nossos clientes não olhavam para esse mercado, porque não interessava." Agora, a situação mudou. Cerca de 85% dos projetos contratados nos dois leilões terão pás da Tecsis.

[Com informações do jornal O Estado de S. Paulo].

Ambiente por Inteiro: Verdade verde, artigo de Efraim Rodrigues

 De vez em quando um empresário resolve fazer um mega-show pela conservação do planeta, por um mundo melhor ou pela causa mais à mão. Em breve teremos baile funk em prol da educação sexual, semana de caça para a conservação das espécies e distribuição de TVs pela leitura.
A coisa começou no milênio passado com os jantares beneficentes para crianças famintas. Apesar do paradoxo, os resultados concretos fizeram a técnica multiplicar-se, mas em suas versões recentes falta o fundamental: prestação de contas.
O SWU é o evento do momento. Recomendo uma visita ao site com espírito crítico para aprender com as derrapadas ambientais. Ontem estava lá que “demos preferência para materiais de baixo impacto na construção” Para mim isto significa “deixaremos de fazer o show se não encontrarmos materiais adequados”. E para voce ? E para eles ? Hoje encontrei o repórter SWU dizendo que guardanapo deve ser descartado junto com todos papéis.
Manifestações culturais devem ser estimuladas e elas valem o impacto ambiental que causam, mas assim como os empresários, devemos manter a contabilidade precisa. Por melhor que seja o site ou o falatório, gastos não se transformarão em lucros. Uma fileira de tambores para coletar lixo reciclável nem de longe dá a este evento a chancela de “verde”. Talvez, de acordo com a lei.
Além do SWU também a Suzano Papel e Celulose tenta transmutar passivos ambientais na base da conversa. A revista Época de 20/09 traz imensa matéria com empresas (anunciantes, diga-se de passagem…) candidatas ao prêmio Época de Mudanças Climáticas.
Tentar convencer que um plantio de eucalipto no Sul da Bahia é positivo pelo seu potencial fixador de carbono é mentiroso. Este é o local de maior diversidade arbórea do mundo. Se a Suzano realmente desejasse cooperar para a sustentabilidade do planeta traria a verdade à tona. Produzir papel causa impacto ambiental, muitos aliás. Estamos tentando produzir um papel de menor impacto já que a população não consegue deixar de usá-lo. Os que são contra que comecem não usando papel !
Outros candidatos são a Mineradora Vale querendo maquiar 1,5 milhão de ha de palma na Amazônia, ou o Banco Itaú faturando até com sua atualização informática, dizendo que os seus novos monitores LCD consomem menos energia que os CRT. O Itaú merece agora um prêmio por tentar economizar na conta de luz e nos processos trabalhistas ?
Mentiras travestidas de “gerenciamento da informação” exigirão perspicácia do público para percebê-las, porque as empresas compram a mídia com seus anúncios, incluindo os colunistas. Algumas até de maneira pouco sutil como tenho percebido agora que esta coluna teve sua divulgação ampliada.
Não acreditem em ninguém, principalmente em mim !
Efraim Rodrigues, Ph.D. (efraim@efraim.com.br) é Doutor pela Universidade de Harvard, Professor Associado de Recursos Naturais da Universidade Estadual de Londrina, consultor do programa FODEPAL da FAO-ONU, autor dos livros Biologia da Conservação e Histórias Impublicáveis sobre trabalhos acadêmicos e seus autores. Também ajuda escolas do Vale do Paraíba-SP, Brasília-DF, Curitiba e Londrina-PR a transformar lixo de cozinha em adubo orgânico e a coletar água da chuva
EcoDebate, 21/10/201

Marina está na hora de pedir respeito, artigo de Pe. Zezinho

Marina: Está na hora de pedir respeito pelo meio ambiente, respeito pela Amazônia, pelos biomas brasileiros e pelas comunidades tradicionais do Brasil: Indígenas, quilombolas, seringueiros e ribeirinhos.
Todos nós acompanhamos a mudança de rumo de Lula, especialmente no segundo mandato, quando preocupado pelo crescimento econômico, escutou as vozes de sereia do agronegócio e passou a considerar o meio ambiente, os indígenas e os quilombolas “os entraves do desenvolvimento”.
Atrás do apoio dos poderosos e do crescimento econômico a qualquer preço, vieram os PACs: Fazendo engolir a transposição do São Francisco e as hidrelétricas do Madeira; o código florestal com redução de reservas permanentes e anistia para os grandes desmatadores; estradas e projetos sem o menor cuidado; barganhas com as unidades de conservação federal e o “terra legal” cadastrando os grandes grileiros; vieram o avance esmagador das mineradoras, da pecuária, dos agrocombustíveis e o monstro de Belo Monte.
Dane-se o “cerradinho”. Segure aí os sem-terra com cestas básicas e pau para os outros. Enrolem-se os quilombolas e os indígenas. Cadê a titulação dos seus territórios? De novo as mesmas vítimas sendo despejados, vendo se acabar os seus rios e matas. Vivendo das cestas básicas e do macarrão do Lula.
Marina, não dava mesmo para ficar nesse governo.
Agora estão querendo o seu apóio?
Está na hora de falar e de falar alto. Está na hora de pedir respeito.
Respeito pela florestas, respeito pelas licenças ambientais.
Respeito pela Amazônia e para todos os biomas brasileiros.
Terra e reforma agrária sustentável para os pequenos agricultores.
Territórios legalizados e sustentabilidade ambiental e econômica para os seringueiros, quilombolas e indígenas.
Marina, respeito para o seu povo e para todo o Planeta.
Zezinho [Pe. Josep Iborra Plans] , comissão pastoral da terra de Rondônia.
EcoDebate, 13/10/2010

IX REUNIÃO PLENÁRIA EXTRAORDINÁRIA DO CBH SALITRE


No dia 08 de outubro de 2010 o CBH Salitre realizou a IX Reunião Plenária Extraordinária na localidade de Goiabeira II (centro do conflito), no município de Juazeiro – BA. A reunião teve aproximadamente 350 pessoas de todo baixo Salitre, que é composto pelos municípios de Campo Formoso e Juazeiro.
A Plenária teve também as presenças das Drª Luciana Khoury e Drª Andréa Sccaff do Ministério Público da Bahia, representantes do INGÁ – Instituto de Gestão das Águas e Clima, IMA – Instituto de Meio Ambiente da Bahia, Prefeitura de Juazeiro, Coelba – Companhia de Energia da Bahia, CERB – Cia. de Engenharia Ambiental da Bahia, Associações, inclusive a UAVS – União das Associações do Vale do Salitre, STR – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Juazeiro, UFBA – Universidade Federal do Estado da Bahia, através da hidróloga Profª Drª Yvonilde Medeiros, representante da UFC Engenharia Ltda., empresa que esta elaborando o Plano de Bacia do Salitre e da CPT -  Comissão Pastoral da Terra, nas pessoas de Roberto Malvezzi (Gogó) e Cícero Felix.
Praticamente a reunião teve dois momentos, o primeiro foi no dia 07 de outubro de 2010 quando as promotoras do MP-Bahia fizeram uma visita técnica à área do conflito e ao Projeto Salitre acompanhadas pelo Técnico do INGÁ, Sr. Marcos Tony que é o atual Coordenador da CTPPP – Câmara Técnica de Planos, Programas e Projetos do Comitê do Salitre, dos membros do Comitê o Sr. Almacks Luiz presidente, Mineia Clara e de Eliete, presidente da UAVS.
O segundo momento foi no dia 08 de outubro de 2010 no Clube Social da Goiabeira II, quando a Drª Lucicana Khoury tentou várias alternativas para firmar o PACTO para restabelecimento de imediato do fornecimento de energia para uma população de mais de cinco mil pessoas que estão à quase sessenta dias sem energia.
Como não foi pactuado entre os onze usuários da COELBA que usam a energia trifásica e a população, o MP-BA, na segunda feira dia 11, tomará as decisões esperadas pelo Comitê e pela população do Baixo Salitre, que é a interdição destas bombas de grande porte, permitindo apenas pequenas bombas de no máximo quatro polegadas, garantindo água e energia a um maior número de famílias que vivem da agricultura familiar e campesina às margens do Salitre.
O Comitê do Salitre por sua vez aprovou a DELIBERAÇÃO 01/2010 que deverá ser encaminha para o CONERH – Conselho Estadual de Recursos Hídricos e aos órgãos competentes para cumprimento.
Esperamos que o INGÁ encaminhe a DELIBERAÇÃO ao CONERH o mais breve possível, para que possa ser apreciada naquela Instância, como também faça a articulação com o Comitê que é do Sistema para que neste dia possamos defender a nossa deliberação.
A Bahia apesar de contar com 14 Comitês é pequeníssimo o número de DELIBERAÇÕES tiradas por estes comitês e consequentemente votadas no CONERH, faça uma pesquisa e veja quantas foram levadas e aprovadas na Instância maior nestes quatro anos.
Por estes e outros motivos foi que os ambientalistas da Bahia e o povo em geral na última eleição disseram não aos três candidatos que usaram os órgãos ambientais da Bahia.
Fica o recado ao nosso governador Jaques Wagner para proceder mudanças radicais na SEMA, INGÁ e IMA.


Clique na foto e acompanhe como foi a Visita Técnica do Ministério Público da Bahia a área do conflito e ao Projeto Salitre.






Plenária CBH Salitre - Goiabeira -I
Clique nas fotos e acompanhe como foi a nossa Plenária






Plenária CBH Salite Goiabeira - II








Plenária CBH Salitre Goiabeira - III



Ibama embarga construção de hidrelétrica na Bahia

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) embargou a construção de uma central hidrelétrica no rio das Fêmeas, em São Desidério (869 km de Salvador) e multou o Grupo Neoenergia, responsável pela obra, em R$ 6 milhões, sob a acusação de crime ambiental. Segundo fiscais do Ibama, a empresa encheu a barragem na última semana sem observar a indicação do Instituto de Meio Ambiente da Bahia (IMA). A licença de implantação (vencida há dois meses) recomendou que a operação acontecesse em dezembro, no período das chuvas, quando os rios estão com carga máxima.
Os fiscais descobriram o crime ambiental ao pesquisar o rebaixamento de 60 cm no nível da água do rio Grande, que atravessa a cidade de Barreiras. Ao chegar à usina, denominada Pequena Central Hidrelétrica Sítio Grande, confirmaram o barramento de 80% das águas do rio das Fêmeas, afluente do rio. A situação foi normalizada com o esvaziamento do reservatório depois de 48 horas.
A gestora ambiental do Instituto Bioeste, que desenvolve trabalhos com comunidades ribeirinhas, Luciana Moraes, disse que recebe telefonemas dos moradores da região desde que a água começou a baixar. De acordo com ela, eles estão assustados “porque pensam que é o fim do mundo, muitos falam comigo chorando”.
Um dos segmentos afetados foi o projeto de Irrigação Barreiras Norte, pois devido ao rebaixamento do nível do rio, as bombas não conseguiram puxar água do rio Grande. Conforme o coordenador do projeto por parte dos produtores, Clóvis Hoffmann, os dois dias sem irrigação afetaram a produção de frutas, mas ainda não é possível saber o tamanho do prejuízo.
O município de Barreiras, através do procurador jurídico, Jaires Porto, acionou o Ministério Público Estadual (MPE) e Federal (MPF) “para apurar as responsabilidades, já que o fato teve repercussão em nosso município”, disse ele.
O presidente da subseção Barreiras da Ordem dos Advogados do Brasil, Cássio Machado, afirmou que a autarquia, “em função do crime ambiental, com repercussão social, também está ajuizando uma ação civil pública coletiva para que os responsáveis sejam punidos e os prejuízos, ressarcidos”.
(Fonte: Portal Terra)

As piranhas do São Francisco

Roberto Malvezzi (Gogó)

Quando visitei grupos da solidariedade internacional na Alemanha, pela Misereor, levei um monte de material sobre o São Francisco. Como eu sabia que haveria também trabalhos em escolas, inclusive com crianças, levei também fotografias.
Um dia me coube falar com crianças do primário, acho que do primeiro ano. Fiquei imaginando o que fazer durante uma hora com os alemãezinhos. Então levei uma seqüência de fotos.
Funcionou. Quando mostrei a cachoeira da Casca D’Antas, o cânion do São Francisco, a foz, a reação foi unânime: ôoooooo.......
Então, entre as fotos de peixes, estava também uma piranha. Quando falei que aquele peixe era uma piranha, a reunião acabou.
Uma pergunta sobre a outra, eu não sabia que o peixe era tão famoso e, pelo jeito, eu estava diante da platéia mais informada do mundo sobre as piranhas. Depois de mais de meia hora de perguntas – sem exagero -, um menino perguntou: “é verdade que elas comem até os sapatos da gente?”
Depois consegui falar um pouco do peixe, de seus costumes, que só ataca quando está encurralado, que em águas abertas não ataca pessoas, que seu hábito alimentar é comer outros peixes, que faz ninho para se reproduzir, que no São Francisco uma piranha pode chegar a cinco quilos, que eu também era um pescador de piranha, que eu já vira pessoas comidas de piranhas, que tem muitos jeitos de pescar piranhas, que a moqueca de piranha é muito saborosa, enfim, consegui sossegar um pouco a curiosidade da garotada. Foi a palestra mais animada que fiz em todos aqueles dias.
Hoje o São Francisco está com o volume de água mais baixo medido em 70 anos. Na cidade de Barra, nesse dia de São Francisco, quatro de Outubro, um dia após as eleições, pela primeira vez não haverá a procissão fluvial, simplesmente porque não há água para os barcos navegarem. Todos os grandes projetos de extração de mais água do Velho Chico continuam em andamento.
As piranhas perigosas do São Francisco são outras e, por favor, não confundam com as prostitutas.

Arquivo do blog