A MISÉRIA PERSISTE MESMO COM PIB ALTO


A Folha de São Paulo de hoje (31-07-2011), traz uma reportagem sobre as 200 cidades que têm o melhor PIB do Brasil, porém a matéria toma como exemplo a cidade do Este da Bahia, pertencente a Bacia do São Francisco, São Desidério, município produtor de soja, boi irrigado e cana de açúcar.

No Pará a cidade onde abriga o maior complexo da Vale também tem um dos melhores PIB do Brasil, porém em contra-partida tem um dos piores IDH do Brasil. Quando alguém lhe apresentar dados do PIB e do IDH procure pesquisar um dos mais fiéis índices da atualidade. IFDM -  Índice Firjam de Desenvolvimento, que praticamente substitui o PIB e o IDH com mais fidelidade e você desmistifica que PIB alto não quer dizer que os seus munícipes têm uma boa qualidade de vida.

Mais vale a pena ler a matéria da folha de São Paulo.  http://www1.folha.uol.com.br/poder/951982-miseria-persiste-em-30-das-200-cidades-com-pib-mais-alto.shtml

Projeto quer remunerar o proprietário que recuperar APPs


A Câmara Federal analisa o Projeto de Lei 740/11, do deputado Luiz Otavio (PMDB-PA), que prevê a remuneração do proprietário rural ou detentor de posse rural pela recuperação ou manutenção de APPs (áreas de preservação permanente).
De acordo com a proposta, os recursos financeiros para pagamento desse tipo de “serviço ambiental” serão provenientes de doações de pessoas físicas e de entidades nacionais e internacionais, sem ônus para o Tesouro Nacional. O texto não define o valor da recompensa aos agricultores.
O projeto acrescenta artigo ao Código Florestal (Lei 4.771/65). A lei define como áreas de preservação permanente espaços territoriais sob regime de proteção integral, entre os quais as áreas com vegetação natural situada ao longo dos rios, nos topos de morro e nas encostas com determinado grau de declividade. “Toda a população, direta ou indiretamente, é favorecida pelos serviços ambientais decorrentes das APPs e, portanto, nada mais justo do que destinar recursos financeiros aos proprietários rurais que adotem práticas voltadas à recuperação e manutenção dessas áreas”, argumenta o autor.
Também está prevista, na proposta, a alteração da Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, para incluir o pagamento por serviços ambientais como instrumento dessa política.
O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pelas comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Com informações da Agência Câmara.

MAB: Mulheres sofrem ainda mais com construção de barragens

16 300x224 MAB: Mulheres sofrem ainda mais com construção de barragens

Dia 14 de março, comemorou-se o Dia Internacional de Luta contra as Barragens e, ao mesmo tempo, os 20 anos de existência do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).  Aproveitando o momento histórico, o Amazonia.org.br fez uma entrevista exclusiva com o coordenador geral do MAB, Luiz Dalla Costa, que abordou temas importantes sobre a questão.
Segundo ele, estudos apontam que as consequências das construções de hidrelétricas são muito mais fortes para as mulheres do que para os homens.  “A mulher é a que tem que se preocupar, principalmente na região rural, com os filhos, com sua propriedade; elas muitas vezes não são respeitadas, porque a visão patrimonialista que as empresas possuem só respeita os ‘chefes de família’”, diz ele.
Costa também aponta que a violação dos direitos das populações na Amazônia foi muito maior.  “Elas sofreram todo o tipo de violência: fraude, uso de veneno para matar a floresta, proliferação de mosquito, não reconhecimento de direitos das famílias que foram atingidas, e que até hoje lutam por seus direitos”.
Veja a entrevista na íntegra.
Amazonia.org.br – Qual a sua análise sobre os 20 anos de atuação do MAB?
Luiz Dalla Costa - É importante dizer que a luta dos atingidos tem mais de 20 anos.  Toda a história dos atingidos vem desde a década de 1970.  O que comemoramos agora é a oficialização do movimento no âmbito nacional, o MAB enquanto uma organização nacional, instituída em um encontro em 1991, em Brasília.
Nós conquistamos, ao longo deste tempo, o direito de se organizar.  O direito de dar a voz e fazer serem ouvidas as populações que sempre eram excluídas no processo de decisão.
O MAB, em seus 20 anos, se transformou em uma ferramenta organizativa daquelas populações mais excluídas, das populações que moram nas barrancas dos rios, que nunca eram ouvidas e que, por meio dessa organização, passam a ser ouvidas.  Tanto que, no ano passado, o então presidente da República, Lula, reconheceu que o Estado brasileiro possui uma dívida histórica com essas organizações e que o Estado deve buscar a reparação dessa dívida histórica.  Ou seja, chegamos ao ponto que as autoridades reconhecem o MAB como instrumento legítimo em defesa dos direitos dos atingidos por barragem, e isso é muito importante.
A segunda conquista é o resultado de nossas lutas.  Por exemplo, a barragem de Belo Monte, que era para ser construída em 1989.  Já naquela época os atingidos estavam se organizando, junto com a luta indígena que é muito forte.  Conseguimos levar essa luta adiante por mais de 20 anos.
Em outros locais do Brasil isso acontece da mesma maneira.  No Sul, há um projeto de construção de uma usina que se chama Itapiranga, que as pessoas lutam há mais de 20 anos para não deixar que seja construída.  Em São Paulo, no Vale do Ribeira, os remanescentes quilombolas estão há 25 anos lutando contra a construção (de hidrelétrica).  Hoje, o Rio Ribeira é o único no Estado de São Paulo que não tem barragens.
Além disso, em locais onde foram construídas hidrelétricas, os atingidos conseguiram ter pelo menos os direitos reconhecidos.  Há vários lugares de reassentamento de populações atingidas, o que antigamente era desrespeitado pelo Estado.
Por último, no final do ano passado, houve a instituição de um decreto, inclusive estamos conversando com o governo sobre sua regulamentação, que reconhece que antes do processo de licenciamento das construções tem que haver o cadastramento e o reconhecimento dos direitos dos atingidos.
Tudo isto é fruto do trabalho não só do MAB, mas das organizações que lutam pelos direitos dos atingidos.
Amazonia.org.br – Quantos atingidos por barragens existiam na época da criação do MAB e quantos existem hoje?
Costa – Eu não tenho este número e isto, inclusive, é uma das críticas, não há dado oficial.  Há um estudo recente de uma professora que faz parte da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Miriam Regini Nutti, que reconhece que não há dados oficiais sobre o número de famílias atingidas.  Até porque o conceito que o Estado e as empresas usavam para os atingidos era só aquele do proprietário de terras.  Muitas vezes, numa mesma propriedade de terra, há duas, três famílias.
O que se tem é uma ordem de grandeza.  Estima-se que em torno de 1 milhão de pessoas foram atingidas.  A própria professora Miriam aponta que nos próximos dez anos poderão ser atingidas mais de cem mil pessoas.  Mas não existe um número exato.
Acreditamos que esse número será muito superior.  Só em Belo Monte serão mais de 20 mil pessoas.
Amazonia.org.br – Quais os principais impactos sentidos pelos atingidos?
Costa – O primeiro impacto é você sentir que a sua terra vai ser inundada e que você vai ter que se retirar dela: é saber que sua família terá que sair da própria casa, que será inundada.
Pior do que isso é você ter uma declaração de um diretor de barragem, como a de Campos Novos, que disse: “ser atingido é uma coisa, ter direito é outra”.  Isso quer dizer, você será expulso, mas não pode reclamar os seus direitos, que você, a princípio, não tem nenhum.
São vários problemas sérios, de violação de direitos, deste modelo que prevê que a energia e a água só servem para o interesse das grandes empresas, que querem ganhar com isso a qualquer custo, explorando não só as pessoas que foram expulsas, mas também os consumidores, ao cobrar taxas abusivas de energia elétrica – já que somos uma das matrizes energéticas mais baratas e uma das taxas mais caras do mundo.
Amazonia.org.br – Vocês têm uma dimensão dos impactos sofridos pelas mulheres atingidas por barragens?
Costa - Recentemente, estamos estudando isso com mais propriedade.  Todos os estudos apontam que o impacto, a consequência das barragens, é muito mais sério para as mulheres, por várias razões: a mulher é a que tem que se preocupar, principalmente na região rural, com os filhos, com sua propriedade.  Elas muitas vezes não são respeitadas, porque a visão patrimonialista que as empresas possuem só respeita os “chefes de família”.  A mulher é colocada em uma posição subalterna e, além disso, quando as obras são construídas, o processo de prostituição e a violência contra as mulheres é muito grande em todos os lugares.
Não tenho dúvida nenhuma que o impacto sobre a vida e o direito das mulheres atingidas é muito maior.  Eu diria que elas sofrem duas vezes no processo de construção de barragens.
Amazonia.org.br – Como está a situação dos atingidos por barragens que vivem na região amazônica?
Costa - Eu diria que, na Amazônia, temos observado que o drama dos atingidos é maior.  A vinculação dos atingidos com o rio é maior.  O rio é tudo na Amazônia, é meio de transporte, é alimento.  Em outras regiões brasileiras, a vinculação da população com a terra tem esse caráter, e na Amazônia com o rio é muito forte.  O impacto das construções nas populações ribeirinhas na Amazônia ganha um caráter mais dramático.
Historicamente, a violação dos direitos das populações na Amazônia foi muito maior. O caso de Tucuruí (PA) é emblemático.  As populações sofreram todo o tipo de violência: fraude, uso de veneno para matar a floresta, proliferação de mosquito, não reconhecimento de direitos das famílias que foram atingidas e que até hoje lutam por seus direitos.
Outro exemplo é a usina de Balbina (AM), que inundou uma imensa área para uma mínima produção de energia e até hoje, quando há enchente, alaga toda a região.
Esse foco de construção, nos rios Xingu, Tapajós, Madeira, preocupa de forma muito grande toda a direção do MAB e entidades que nos acompanham.
Amazonia.org.br – Como o MAB se posiciona com relação à usina de Belo Monte?
Costa - Estamos lutando e nesta semana teremos audiência em Brasília com os ministérios para que o governo brasileiro reveja essa obra e não a construa.  Esta é a nossa posição.  Para nós é um absurdo a construção dessa obra que terá tantos impactos, tantas dúvidas, apenas para beneficiar as grandes multinacionais.
A posição do MAB é inequívoca: condenamos a obra.  Ela não deveria ser construída neste momento.  É preciso haver um debate nacional sobre a questão e implantação de novas alternativas para a área energética brasileira.
Amazonia.org.br – Quais são as prioridades do MAB daqui para frente?
Costa - Continuar na luta por um novo projeto energético popular, que contemple o desenvolvimento do país, com ampla distribuição da renda para todos os brasileiros; a luta pelos direitos dos atingidos por barragens, inclusive o direito de dizer “não” às obras e a luta para que toda a injustiça praticada contra os atingidos tenha alguma forma de reparação.
*Publicado originalmente no site Amazônia.org.

Empresas devem mudar modo de pensar e mobilizar consumidores à sustentabilidade


Foto:Divulgação



A formiga é um ser de força admirável, ela consegue carregar até 50 vezes o seu próprio peso, o que, para um homem de 80 quilos, significaria 4 toneladas. Em termos ambientais e referentes às mudanças climáticas, um brasileiro classe média de 80 quilos pode não carregar tanto quanto uma formiga, mas seu consumo e gasto de reservas naturais emite mais de uma tonelada de carbono por ano.
É o que afirma Ernesto Cavasin Neto, especialista em sustentabilidade empresarial e gerente executivo da PricewaterhouseCoopers. No mês de junho, Cavasin lançou o livro Toneladas sobre os ombros, em que comenta a questão do aquecimento global em relação a um consumo mais responsável.
Em entrevista ao portal EcoDesenvolvimento.org, Cavasin explicou porque o mundo enfrenta tantos desafios na redução do aquecimento global e deu a receita: será preciso que as empresas mudem seu modo de pensar e impulsionem seus consumidores a um mundo mais sustentável.
Portal EcoD - A ONU prevê que a Terra chegue a 7 bilhões de habitantes em 31 de outubro de 2011. Quais os principais problemas que enfrentaremos com essa superpopulação?
Cavasin - Nós enfrantaremos problemas com alimentação, consumo de energia e tantos outros que levam a uma questão em cadeia, que é o aquecimento global. Se quisermos alcançar a meta de apenas 2 graus centígrados de aquecimento global até 2050, nós temos que reduzir as emissões hoje em 60% a 80%. Como o que emitimos no ano de 2010 foi em torno de 36 milhões de toneladas, tem que se reduzir no mínimo 21 milhões e 600 mil toneladas.
Além disso, quando a gente vê o mundo chegando a 7 bilhões de pessoas, a gente pode perceber que menos de 1/3 dessas pessoas tem uma condição de vida que nós acreditamos ser digna, e 2/3 da população vive abaixo dessa qualidade que nós criamos. Se formos mais simplistas, podemos pensar que na África e em alguns lugares da América do Sul, a pessoa ainda cozinha utilizando a lenha que catou no meio do mato. Ou seja, ainda precisamos ter um grande avanço na introdução de água tratada e energia elétrica na vida dessas pessoas.
Esses são os dois principais desafios do aquecimento global: reduzir as emissões em 60% a 80% e, ao mesmo tempo, incluir 30% a mais de pessoas no consumo de energia, em um mundo que alcança os 7 bilhões agora, mas em 2050, a tendência é que tenha 12 bilhões de pessoas. Sem contar que esse crescimento também aumenta a necessidade de produção de alimentos para mais 5 bilhões de pessoas. Há uma série de fatores que correm a favor do desastre ambiental.


Cavasin afirma que a inclusão dos recursos naturais
no orçamento de produção de uma empresa é uma
das maneiras de ajudar a refrear o aquecimento global.
Foto: PwC Brasil/Divulgação




Como vencer esses desafios e realizar as mudanças?
Geralmente, as pessoas só realizam mudanças quando são forçadas a tomar decisões drásticas. Um exemplo é quando se descobre um câncer e tem que fazer uma cirurgia, não há jeito, será se submeter a tratamentos fortes. Com as mudanças climáticas nós temos um problema muito sério, mas o tratamento não pode ser nem homeopático, nem ser uma intervenção cirúrgica. É preciso fazer um trabalho de reeducação utilizando as ferramentas que a gente já conhece.
Eu vejo que hoje, se reunirmos todas as tecnologias de baixo carbono que já temos, a grande dúvida que temos é a seguinte: "Pô, vou trocar todas as lâmpadas do meu escritório por LED, mas isso não vale à pena financeiramente". Pensamos que não vale a pena financeiramente porque o custo de uma lâmpada LED é bem maior que o de uma lâmpada normal, mesmo que a LED dure 10 anos e a normal seis meses, como é confiável investir todo esse dinheiro agora se não sabemos o que vai acontecer daqui a quatro ou seis anos?
Mas se, ao contrário, pensarmos na quantidade de recursos naturais que serão poupados com a troca de uma para outra e no custo do carbono que é emitido dada a diferença do consumo de energia, talvez comece a fazer mais sentido.
Então, será preciso mudar o modelo de avaliação do modo de produção...
Pois é. Esses são custos que nós já conseguimos calcular. A logística reversa, por exemplo, já é realidade em várias partes do mundo e tende a ser aqui no Brasil também, isso gera um custo. O carbono tem valor de mercado, você pode calcular a diferença de emissões da vida útil de uma lâmpada LED para uma normal, ou quantas normais você vai precisar comprar para alcançar a lâmpada LED.
Nós temos que começar a agregar os valores que hoje não estão sendo compultados. A cadeia de valor hoje não cita a parte ambiental, a própria água, principalmente a que a gente consome aqui no Brasil, não é paga, o que é pago é o tratamento, bombeamento e distribuição da água, mas a água é de graça. E se a gente não está pagando pela água, qual o valor que a gente dá a ela?
Então, é necessário que a gente comece a valorizar os benefícios ambientais para saber o quanto nós podemos, para que possamos experimentar soluções para os problemas do aquecimento. É essa a visão, o valor dos serviços que o meio ambiente presta pra gente, que a gente acaba não valorizando e tendo que integrar isso dentro do custo dos produtos hoje, para ter uma diferenciação entre os produtos que são ambientalmente mais corretos e os produtos que não são.


O programa "Água das Florestas" é um trabalho da
Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com a
Coca-Cola para a preservação da bacia do Ribeirão Piauí,
que abastece cidades de São Paulo.
Foto: Divulgação




Quando as empresas vão começar a se dar conta da necessidade de realizar esses cálculos?
Não só as empresas, mas esse deve ser um caminho percorrido por toda a sociedade. Todos têm que reduzir. As empresas são formadas por pessoas e o gráfico de como o meio ambiente afeta a nossa vida a gente vê mais dia ou menos dia, seja em enchentes ou secas. E tudo isso tem que ser compultado já. Se um vendaval passa no interior de Santa Catarina, ele pode gerar custos desnecessários a uma empresa, custos que poderiam ser reduzidos caso houvesse um preparo.
Algumas empresas já sentem isso e começaram a calcular e analisar os gastos. É possível ver grandes produtores de bebidas, como refrigerante e cerveja, com uma preocupação enorme para reduzir a quantidade de litros de água que usa para produzir o seu produto, com projetos para proteger mananciais e tudo mais. Outro exemplo são algumas empresas de energia, que também buscam proteção dos mananciais de água e dos rios que elas operam.
E como fazer para trazer isso ao consumidor?
O que precisa fazer hoje, na minha opinião, é integrar as cadeias. Ou seja, nós só vamos conseguir resolver o problema do meio ambiente e do aquecimento global, quando conseguirmos fazer produtos melhores de forma melhor. É preciso reduzir as emissões na produção e na utilização desse produto por parte do consumidor também.
Uma lâmpada mais eficiente vai reduzir as emissões do meu cliente, mas ele tem que estar estimulado a comprar isso. O preço ainda é um grande fator de decisão na hora da compra, mas a questão do "ecologicamente correto" ainda não. Então, nós precisamos integrar o consumidor diante dessa cadeia de valor.
As empresas têm que entender que precisam mobilizar o consumidor na questão ambiental como um todo. Não faz sentido a gente continuar a combater o aquecimento global através de políticas públicas e em alguns projetos de grandes emissores. Nós temos que integrar toda a cadeia, do consumidor ao distribuidor, do vendedor ao produtor, de uma forma mais ambientalmente correta.

http://www.adital.com.br/?n=b3g5


Ocorrência de molibdênio de região de Carnaíba será estudada e poderá até inviabilizar água Jacobina e mais três cidades


Serra da Carnaiba

Laboratório de Tratamento de Minérios está à frente
O Estado da Bahia tem um dos poucos depósitos do molibdênio do Brasil. A região de Carnaíba, no município de Pindobaçu, é famosa pela ocorrência de esmeraldas e alexandrita e desde os anos 1960 abriga garimpeiros que buscam essas gemas, que em geral são mais valorizadas que diamante. Na região, entretanto, é muito mais frequente o aparecimento de um mineral cinza, assemelhado à grafita. Trata-se da molibdenita (MoS2), que é a principal fonte de molibdênio, elemento essencial para a produção de aços inoxidáveis usados ambientes ricos em cloretos, como na água do mar. O molibdênio é essencial para a produção de materiais de construção usados em vários segmentos industriais, incluindo a indústria de petróleo.
A UFBA, através do Laboratório de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa, do Departamento de Ciência e Tecnologia dos Materiais da Escola Politécnica teve um projeto de pesquisa aprovado no âmbito do Edital MCT/CT-Mineral/CNPq Nº 44/2010 (Pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação aplicados às linhas temáticas do Projeto Tendências Tecnológicas do Setor Mineral). O projeto “Utilização de Técnicas Hidrometalúrgicas para Recuperação e Purificação de Molibdênio Metálico” é coordenado por Prof. Luiz Rogério Pinho de Andrade Lima e prevê a aquisição de equipamentos analíticos para completar a infraestrutura desse laboratório, que atualmente é o único da Bahia dedicado ao desenvolvimento de estudos nas áreas de Tratamento de Minérios, Hidrometalurgia, Eletrometalurgia, Pirometalurgia e Reciclagem de Materiais Inorgânicos, tão importantes para a economia do Estado da Bahia.
O laboratório participa da organização do XXIV Encontro Nacional de Tratamento de Minérios e Metalurgia Extrativa (www.entmme2011.com.br), que acontecerá no Hotel Pestana Bahia de 16 a 19 de outubro e reunirá os principais pesquisadores do Brasil nessa área, além de importantes especialistas estrangeiros, como Fathi Habashi, professor emérito da Université Laval (Canadá)

Águas dos rios chegam poluídas às praias da capital baiana


A situação das águas de todos os 12 rios que cruzam Salvador está entre regular e péssima, de acordo com um estudo


A água é barrenta, o cheiro é péssimo e, mesmo de longe, dá pra ver todo o tipo de sujeira boiando. Esse é o estado de diversos rios que desembocam nas praias de Salvador e acabam emporcalhando as águas do mar. A situação das águas de todos os 12 rios que cruzam Salvador está entre regular e péssima, de acordo com um estudo realizado, no ano passado, em conjunto entre órgãos do município e do estado com a Universidade Federal da Bahia (Ufba). 
A situação compromete o banho de mar de moradores e turistas e o trabalho de pescadores que sonham voltar a trabalhar em águas limpas. 

Não muito longe do emissário submarino  inaugurado em maio deste ano, na Boca do Rio, o azul do mar é substituído pelo tom alaranjado do Rio das Pedras. “Essa água traz até cachorro e rato mortos”, lamenta Antônio Carlos Teles, pescador há mais de 40 anos.
No Rio Vermelho, as águas do Rio Lucaia lutam contra pneus e pedaços de areia e moradores evitam o banho por ali

“A depender do dia, ainda tem peixe ousado que consegue aguentar essa água, mas normalmente temos quer ir lá pra frente pra conseguir tirar alguma coisa”, conta Crispim Ribeiro Santos, 40 anos, que ganha a vida no mar desde os 12. Banho de mar? “Só os malucos tomam”, diz.
Costa azul 
Na orla do Costa Azul, o canal popularmente conhecido como “Cocô Beach”, chama-se, na verdade, Rio Camarajibe. Para o professor de Engenharia Ambiental da Ufba Luiz Roberto Santos Moraes, esse é um erro comum que deveria ser esclarecido entre a população. “Os rios de Salvador são vistos como meros canais que transportam esgoto. Numa turma de 45 alunos, por exemplo, perguntei e  não houve nenhum que soubesse o nome de um rio”, conta.  

No local, o cheiro é tão forte que  invade até os carros que passam com vidros fechados e restaurantes. “Há mais de 20 anos é assim. Aqui o pessoal nem toma banho”, afirma o pescador Dário Souza. 
Rio vermelho No Rio Vermelho, o mau cheiro é do Rio Lucaia. Na região do Mercado do Peixe, o fedor é garantido - e não é culpa dos peixes. Da balaustrada da calçada é possível enxergar, mesmo através da água barrenta, até pneu velho e pedaços de madeira.

É ASSUSTADOR

Cientistas encontram maior quantidade de água do Universo


Registro foi feito ao redor de buraco negro a 12 bilhões de anos-luz daqui.
Volume de água é 140 trilhões de vezes o dos oceanos da Terra.

Do G1, em São Paulo

Astrônomos descobriram a maior quantidade de água já registrada no Universo a uma distância de mais de 12 bilhões de anos-luz da Terra. A quantidade de água equivale a 140 trilhões de vezes todo o volume de água nos oceanos de nosso planeta.
A grande quantidade de água se encontra na forma de vapor, em volta de um quasar chamado APM 08279+5255. Um quasar é o núcleo de uma galáxia, confinado num espaço pequeno, em relação à sua massa, que abriga um buraco negro. Nesse quasar específico, há um buraco negro com 20 bilhões de vezes a massa do Sol, que produz uma quantidade de energia equivalente a um quadrilhão de vezes à da nossa estrela.
Ilustração mostra como é a visão de um quasar como o APM 08279+5255 (Foto: Nasa / ESA)

como é a visão de um quasar como o APM 08279+5255 (Foto: Nasa / ESA)
A água está em forma de vapor e ajuda a compreender a natureza do quasar. A medição desse vapor e de moléculas de outros tipos, tais como monóxido de carbono, sugerem que há gás suficiente para alimentar o buraco negro até que ele atinja seis vezes seu tamanho.
O gás liberado por esse buraco negro está numa temperatura de 53º C negativos, o que é cinco vezes mais quente que os gases soltos na Via Láctea. O vapor d’água da Via Láctea fica congelado, e também por isso a quantidade de água em nossa galáxia é 4 mil vezes menor que no quasar.
“O ambiente em volta desse quasar é muito peculiar e por isso produz essa grande massa de água”, disse Matt Bradford, pesquisador da Nasa. “É mais uma demonstração de que a água é dominante por todo o Universo, mesmo nos tempos mais primórdios”, completou.
A pesquisa foi desenvolvida por dois grupos de astrônomos, formados por cientistas ligados a diversos institutos. A descoberta foi publicada pela revista “Astrophysical Journal Letters”

Polícia prende 40 por crime ambiental

Ana Célia Rocha é tida como líder do esquema
Ana Célia Rocha é tida como líder do esquema

Uma megaoperação realizada na sexta-feira, 22, resultou na prisão de 40 pessoas acusadas de envolvimento em crimes ambientais, como produção ilegal de carvão. A lista de presos inclui empresários, fazendeiros, políticos, consultores ambientais, além de funcionários e ex-servidores da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema).
Até o fechamento desta reportagem, outros nove mandados de prisão preventiva ainda não haviam sido cumpridos. De acordo com as investigações, o esquema teria rendido aos envolvidos algo em torno de R$ 70 milhões.
A Operação Corcel Negro foi deflagrada em Salvador,  em dez municípios do interior baiano e em mais três estados, em conjunto com a Sema, Ministério Público Estadual, Secretaria da Segurança Pública, Polícia Rodoviária Federal e o Ibama.
Na Bahia, foram 19 prisões. Apenas o consultor  ambiental baiano Gilmar Iglesias foi detido em São Paulo. Os demais foram detidos em Minas Gerais e Goiás. Segundo Eugênio Spengler, secretário estadual do Meio Ambiente, as investigações foram iniciadas há um ano, após a descoberta de irregularidades na emissão de crédito de reposição florestal.
A Lei Estadual 10.431/06 prevê que toda pessoa física ou jurídica que use produtos de origem florestal para fins comerciais é obrigada a manter áreas de reflorestamento. Se não possuir um terreno para a reposição de árvores, pode adquirir créditos de reflorestamento com pessoas que mantêm áreas de floresta.
Falha na lei - Spengler informou, durante coletiva na sede da SSP que foram detectadas fraudes na concessão de créditos. “Pessoas estavam recebendo os créditos sem que houvesse comprovação de que estavam mantendo áreas de replantio”, assinalou. Segundo ele, a lei estadual “possui uma falha” que contraria a legislação federal – que só concede os créditos após comprovação do reflorestamento.
“Já está em andamento na Assembleia Legislativa um projeto de lei que vai corrigir isso”, assegurou Spengler. “Vale lembrar que não há uso de dinheiro público nas irregularidades. A questão é de mau uso da função de agente público, com fraudes em procedimentos que deveriam atender a critérios legais. Com certeza, havia corrupção”, disse o promotor Geder Gomes, do Centro de Apoio Operacional à Segurança Pública e Defesa Social do MP.
A delegada Carmen Bittencourt, da Polícia Civil, confirmou que as prisões foram efetuadas sem incidentes. Em Salvador, foram presos Marcos Félix Ferreira, Paulo Pelegrini e Plínio Castro, todos ex-superintendentes da Sema; Luís Cláudio Correia e Rui Muricy de Abreu, servidores da Sema; e o consultor ambiental João Barrocas.
No interior da Bahia, foram presos Ana Célia Coutinho Rocha e a filha dela, Milena Coutinho de Castro; Maria Emília Miranda, Marcelo Dourado Costa, Francisco Leonardo Bastos Vila Nova, Cássio Higino Barreto Santos, Gersino Pereira Costa, Jader Oliveira Costa, Derval Barbosa de Arruda, Florisvaldo Silva, Jorge da Costa, Francisnay Martins Neves e Abraão dos Reis Gomes.
As identidades dos capturados em Minas Gerais e Goiás não foram divulgadas. As investigações revelaram que siderúrgicas desses estados recebiam carvão ilegal produzido na Bahia.

OPERAÇÃO CUMPRE 29 MANDADOS DE PRISÃO NA BAHIA


Um esquema de fraude na emissão de créditos de reposição florestal, descoberto em investigação da Polícia Civil baiana, gerou a emissão pela Justiça de 29 mandados de prisão e 34 mandados de busca e a apreensão de 50 caminhões, que são cumpridos em 12 municípios baianos em operação iniciada na madrugada desta sexta-feira (22). Estes títulos, que são utilizados por quem desmata ou utiliza madeira em carvoarias ou padarias, por exemplo, são emitidos pelo Ibama a produtores rurais que possuem em suas propriedades áreas de preservação. Estes papéis podem ser comercializados. A Secretaria de Segurança Pública (SSP), em resposta ao Bahia Notícias, não confirma o envolvimento de servidores do órgão, mas, em nota,  informa que entre os presos estão servidores públicos de “diversos órgãos”, produtores e comerciantes de carvão. A operação conta com a participação de cerca de 150 policiais civis, 25 promotores do Ministério Público Estadual (MPE), seis fiscais do Inema, além de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Ibama.


http://www.bahianoticias.com.br/noticias/noticia/2011/07/22/97994,operacao-cumpre-29-mandados-de-prisao-na-bahia.html#

Brasil tem só 4% de recursos hídricos com qualidade ótima, segundo relatório da ANA


Com 12% da oferta de água do planeta, o Brasil tem apenas 4% de seus recursos hídricos com qualidade considerada ótima, percentual que caiu seis pontos de 2008 para 2009. Segundo avaliação do “Informe 2011 da Conjuntura dos Recursos Hídricos do Brasil“, divulgado ontem pela Agência Nacional de Águas (ANA), cem rios estão em situação ruim ou péssima.
Para avaliar o índice de qualidade da água, a agência usa nove parâmetros, que levam em conta principalmente a contaminação dos rios pelo lançamento de esgoto. Essa centena de rios em situação precária não consegue depurar naturalmente a quantidade de resíduos que vêm recebendo. Embora o governo argumente que está fazendo investimentos em políticas públicas de saneamento, mais da metade das cidades do país – 2.926 municípios – não tem tratamento de esgoto. O relatório aponta que em 2009 foram investidos R$21,4 bilhões em saneamento e gestão da água, sendo R$13,2 bilhões em obras de tratamento de esgoto.
A água de pior qualidade se concentra perto das regiões metropolitanas de São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Salvador e das cidades de médio porte, como Campinas (SP) e Juiz de Fora (MG). Entre os rios cuja água é de péssima ou má qualidade, estão o Tietê, que corta a capital paulista, o Iguaçu, que forma as famosas Cataratas do Iguaçu, e o Guandu-Mirim, no Rio – os dois últimos ficam dentro de unidades de conservação, o Parque Nacional do Iguaçu e a Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Guandu, respectivamente.
Entre 2008 e 2009, a água de qualidade péssima no país se manteve em 2%; a ruim aumentou de 6% para 7%; a regular passou de 12% para 16% e a boa subiu de 70% para 71%. Nesse período, o número de pontos monitorados caiu de 1.812 para 1.747. O superintendente de Planejamento de Recursos Hídricos da agência, Ney Maranhão, mostrou-se satisfeito com os resultados do estudo.
- Temos 90,6% dos rios num estado satisfatório de qualidade e de disponibilidade (quantidade de água). Apenas 2% não apresentam resultado satisfatório – avaliou Maranhão, que coordenou o trabalho.
Estresse hídrico e agricultura – Maranhão ressaltou que as políticas públicas têm sido direcionadas para as bacias que estão em situação crítica, seja por apresentarem baixa disponibilidade ou qualidade de água. A maior parte dos rios e bacias com problema de oferta de água se encontra no Nordeste.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que, no futuro, o estresse hídrico (falta de água em algumas regiões do país) vai impactar na agricultura. Ao todo, 69% dos recursos consumidos pela população são usados em irrigação. Izabella aproveitou a ocasião para mandar um recado ao Congresso, onde tramita a reforma do Código Florestal.
- Quando estamos discutindo Código Florestal, não falamos apenas do uso do solo. Estamos falando de recursos hídricos e qualidade de vida. O relatório traz com muita propriedade o estresse hídrico com perda de mata ciliar (vegetação nativa às margens dos rios). Onde se desmata mata ciliar, há comprometimento dos recursos hídricos – afirmou a ministra.
O levantamento da ANA também levou em conta o problema das mudanças climáticas, responsáveis por eventos naturais extremos em datas diferentes no ano passado: a estiagem na Amazônia; as enchentes em Alagoas, Pernambuco e em Minas Gerais; as cheias no Rio, em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Um exemplo do agravamento dessa situação: em 2006, foram registradas 135 situações de emergência ou de calamidade pública por conta de fortes chuvas. Em 2010, esse número de ocorrências subiu para 601. No total, quase 10% das cidades brasileiras – 563 municípios – decretaram situação de emergência devido a enchentes, inundações, enxurradas e alagamentos.
No caso das secas, houve uma inversão: 2010 registrou menos casos de emergência (583) do que 2006 (914). Entre 2009 e 2010 houve diminuição de 20,8% no nível dos reservatórios de água construídos no Nordeste para combater estiagens.
Reportagem de O Globo, socializada pelo Jornal da Ciência, SBPC, JC e-mail 4304.
EcoDebate, 21/07/2011
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