Seca revela limites da transposição do rio São Francisco



 
DANIEL CARVALHO
DE SÃO PAULO

A transposição de parte das águas do rio São Francisco, por si só, não será capaz de levar água para 12 milhões de nordestinos, como se divulga desde 2007, quando as obras foram iniciadas.
A pior seca dos últimos 50 anos no semiárido da região Nordeste indica que estar ao lado do rio não significa necessariamente a certeza de abastecimento de água.
Levantamento da Folha a partir de dados do governo federal revela que metade dos 60 municípios nordestinos localizados às margens do rio São Francisco está em "situação de emergência" por causa da estiagem.
O paradoxo se explica de forma simples: não adianta ter água em abundância no município se não há adutoras e sistema de abastecimento para levá-la à população.
Lalo de Almeida 12.dez.2012/Folhapress
Obra da transposição do rio São Francisco no município de Floresta, em Pernambuco
Obra da transposição do rio São Francisco no município de Floresta, em Pernambuco
"Há uma carência histórica de acesso à água nos municípios. Mesmo às margens do São Francisco ainda temos cidades que não têm abastecimento universal", afirmou Eugênio Spengler, secretário de Meio Ambiente da Bahia.
Dos 24 municípios banhados pelo "Velho Chico" na Bahia, 23 têm a "situação de emergência" reconhecida pela Defesa Civil nacional.
Em "situação de emergência", o município pode, entre outros benefícios, fazer contratos sem licitação e solicitar recursos extras ao governo federal.
No interior da Bahia, somente metade da população rural tem acesso à água tratada, segundo Spengler.
Até o ano que vem esse percentual deve chegar aos 60%, graças a obras de duas adutoras e de sistemas simplificados de abastecimento.
Em Alagoas, onde 7 dos 12 municípios banhados pelo São Francisco estão em "situação de emergência", o cenário é parecido, com acesso reduzido à água no campo.
"[Os municípios] têm um território muito grande. Apenas alguns povoados e distritos da zona rural têm água canalizada. Ou seja, mesmo em época de chuvas eles recebem água por carro-pipa", informou a Companhia de Saneamento de Alagoas.
Das cidades da calha do São Francisco, não há municípios em emergência apenas em Pernambuco e Sergipe. O governo pernambucano afirma ter priorizado obras para atender os núcleos populacionais situados nas proximidades do rio.
"Quando a fonte de água é inconstante ou distante, temos mais dificuldade de implementar obras. Mas, para municípios perto do rio, não há esse problema", afirma Almir Cirilo, secretário estadual de Recursos Hídricos em Pernambuco.
Mas a situação é diferente na prática. Em Jatobá (425 km do Recife), a falta de chuva entra no terceiro ano, embora não haja emergência.
A persistência da seca ao lado do rio deu origem a um ditado na cidade: "Água tem, mas dentro do rio. Quando você sai dele, acabou-se".
Apesar de não ter sido reconhecida a situação de emergência, a prefeitura calcula que a cidade tenha perdido metade de seu rebanho e toda a lavoura, que nem sequer chegou a ser plantada.
Por lá, a única produção que não sofre com a seca é a modesta criação de tilápias.

EM SEMINÁRIO NA CÂMARA, DEBATEDORES APONTAM DIFICULDADES PARA IMPLEMENTAR CÓDIGO FLORESTAL


Publicado em maio 22, 2013 por 
Para participantes de seminário realizado na Câmara sobre o primeiro ano da lei ambiental, principais entraves estão relacionados ao Cadastro Ambiental Rural e ao Programa de Regularização Ambiental.
Antonio Augusto / Câmara dos Deputados
Seminário: Um ano de vigência do novo Código Florestal (Lei Federal 12.651/12): entraves, avanços, retrocessos?. Mesa (E/D): Diretor do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Paulo Moutinho; ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Antonio Herman Benjamin; vice-presidente da CMADS, dep. Sarney Filho (PV-MA); coordenador adjunto do Programa Política e Direito Socioambiental do Instituto Socioambiental (ISA), Raul do Valle; superintendente de políticas públicas do WWF Brasil, Jean François Timmers
Mesmo após um ano em vigor, especialistas entendem que Código Florestal não saiu do papel.

Ambientalistas, parlamentares e juristas avaliaram nesta terça-feira (21) que o novo Código Florestal (Lei 12.651/12) ainda não saiu do papel, mesmo com um ano em vigor. A lei foi sancionada, com vetos, em maio do ano passado, depois de longa queda de braços entre ambientalistas e ruralistas no Congresso. Os principais entraves são o atraso na implementação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e do Programa de Regularização Ambiental (PRA), segundo afirmaram especialistas em seminário realizado na Câmara.
O cadastro e o programa são mecanismos que permitem a solução dos passivos ambientais dos agricultores. De acordo com as ONGs ambientalistas, o governo federal demora na regulamentação do CAR, enquanto que muitos estados estariam tratando o tema com “desleixo”.
Até maio do próximo ano, quase 5 milhões de propriedades precisam ser cadastradas em todo o País. O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Herman Benjamim, afirmou que esse atraso repercute, inclusive, nas decisões judiciais. “Sem o Cadastro Ambiental Rural para esses proprietários e possuidores rurais que precisam regularizar a sua atuação, o novo Código ainda é uma abstração”, disse. Segundo o ministro do STJ, a falta do CAR e do PRA impede a assinatura dos termos de compromisso entre proprietários rurais e as autoridades ambientais.
Imposto Territorial
A isenção do Imposto Territorial Rural (ITR), prevista para propriedades que possuam reserva legal e áreas de preservação permanente e não exploradas economicamente, também tem gerado controvérsia na Justiça. O presidente do Ibama, Volney Zanardi Júnior, informou que o governo federal deve divulgar em breve a instrução normativa e o decreto de funcionamento do SiCAR, o sistema que vai integrar todos os cadastros ambientais rurais em âmbito nacional. Ele admitiu que a complexidade do sistema e as especificidades estaduais dificultam a tarefa.

“Há informações que vão ser inseridas diretamente nesse sistema por, praticamente, 20 estados. E outros sete estados têm sistemas próprios: a informação será inserida no sistema do estado e o SiCAR vai fazer a integração e trazer a informação que interessa a uma lógica nacional. “Estamos trabalhando por meio de malhas que estão sendo desenvolvidas; de cruzamento de informações com bases de dados, que deverão dar uma maior segurança à informação que será incorporada à base nacional”, afirmou.
Só no georreferenciamento de dados, o Ibama investiu cerca de R$ 30 milhões. O instituto também firmou acordos de cooperação técnica com 24 estados. Faltam apenas Bahia, Minas Gerais e Mato Grosso.
“Chantagens”
O diretor da Fundação SOS Mara Atlântica, Mário Mantovani, avaliou que, um ano após a sanção do novo Código, o Ministério do Meio Ambiente perdeu todas as batalhas e o governo se mostrou mais sensível às “chantagens” dos ruralistas. Segundo ele, não há estrutura ambiental no País: “os órgãos ambientais estão fragilizados em todas as esferas federal, estaduais e municipais”, e possuem orçamentos muito baixos.
Parlamentares divergem sobre impactos da lei aprovada em 2012
Os parlamentares apresentaram visões distintas quanto ao primeiro ano de vigência do novo Código Florestal, como se percebe na avaliação do coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, deputado Sarney Filho (PV-MA). “Até agora, o novo Código Florestal não serviu para nada, a não ser para anistiar aqueles que, ilegalmente, desmataram área de preservação permanente e reserva legal”, disse Sarney.
O deputado Celso Maldaner (PMDB-SC), que integra a Frente Parlamentar do Agronegócio, destacou que a nova lei trouxe mais segurança jurídica. “Eu vejo avanços e não retrocesso. Ao menos, trouxe mais segurança porque o nosso agricultor era considerado um criminoso, um bandido, e tinha uma insegurança total”, avaliou.
As ONGs ambientalistas aproveitaram o seminário para lançar o Observatório do Novo Código Florestal, que pretende monitorar a implementação da lei e criar indicadores de avaliação. O fórum também está aberto à participação de empresas, sindicatos de trabalhadores, universidades, Ministério Público e outras entidades interessadas.
Matéria da Agência Câmara Notícias, publicada pelo EcoDebate, 22/05/2013

Governo cede a ruralistas e inicia desmonte da Funai com suspensão de


Charge: MariosanA corrente campanha de desmonte da Fundação Nacional do Índio (Funai), realizada pelo próprio governo federal, teve seu ápice na última quarta-feira, 08, com a participação da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, na audiência pública realizada pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, na Câmara dos Deputados. Aplaudida pelos parlamentares ruralistas, ela correspondeu prontamente aos desejos da bancada e anunciou que até o final deste semestre será definido um novo marco regulatório para os processos de demarcações das terras indígenas.
Porém, antes que o marco seja oficializado, o Palácio do Planalto já suspendeu as demarcações de terras indígenas no estado do Paraná, com base em análises da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) sobre estudos da Funai. A intenção vai além: relatórios do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e do Ministério das Cidades também serão levados em consideração. Em outras ocasiões, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo indicou que tais mudanças ocorreriam.
Logo em sua fala de abertura, Gleisi afirmou que "a Funai é um órgão envolvido com os interesses indígenas", e que, portanto, ela não é imparcial, colocando sob suspeição a competência da instituição para desenvolver as atribuições que estão sob a sua responsabilidade. A deixa da ministra para os ruralistas foi dada de forma bastante clara, e não podia ser mais perfeita. Mas ainda havia mais por vir.
Após inúmeras falas nervosas e contundentes em que a Funai, este órgão público do governo federal - é bom lembrar - foi chamada pelos deputados ruralistas de criminosa, vigarista, fraudulenta, incompetente, desonesta, dentre outros adjetivos, a ministra-chefe da Casa Civil afirmou que "a Funai não está preparada e não tem critérios claros para fazer a gestão de conflitos. Ela não tem a capacidade para fazer a mediação [entre índios e agricultores] pelo envolvimento que tem com os índios". Era tudo o que os ruralistas queriam ouvir: falava contra a Funai a voz delegada pela Presidência da República.
Raposa no galinheiro
Neste sentido, além dos critérios antropológicos, o governo também quer ter acesso a dados “qualificados” sociais e econômicos das áreas em processos de demarcação. “Queremos um mapa cartográfico sobre a ocupação do território. Queremos saber qual a produtividade na área, por quanto tempo os produtores tomaram crédito do governo, há quanto tempo há presença indígena porque os processos estão mais tensos agora sobre áreas antropizadas”, declarou Gleisi, candidata virtual ao governo do Paraná nas eleições de 2014, primeiro estado a ter as demarcações suspensas.
A fala da ministra deixou inúmeras dúvidas. Se a Funai, o órgão indigenista governamental, com o seu histórico de atuação e quadro de profissionais especializados em questões indígenas, não é a instituição mais adequada para realizar os processos de demarcação, definidos, em última instância, pelo Ministério da Justiça, qual poderá ter? A Embrapa e o Mapa – com atuações direcionadas para o fortalecimento do agronegócio - têm legitimidade para isso? Se invasores, que expulsaram indígenas há décadas de suas terras tradicionais, tiverem qualquer tipo de produção nestas terras atualmente, isso impossibilita os índios de recuperarem seus territórios? Quem vai ser a instituição que vai analisar as contribuições de todos os órgãos e dar a palavra final sobre a demarcação da terra?
Segundo o Secretário Executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Cleber Buzatto tudo indica que, se depender do governo Dilma, o presente chegará melhor que a encomenda para os fazendeiros. Em artigo publicado na última quinta-feira, 9, o indigenista afirma que o Palácio do Planalto fornece asas ao “modelo de democracia” dos latifundiários, onde direitos são violentados sem nenhuma reação governamental.
“Diante disso, aos povos indígenas não resta alternativa senão eles próprios fazerem a defesa de seus direitos. No atual contexto, diferentemente do que ocorreu no episódio do Código Florestal, quando a sociedade, mesmo contrária às mudanças, reagiu com certa timidez diante da violenta ofensiva do agronegócio, para manterem seus direitos, os povos indígenas precisarão de disposição para enfrentamentos mais contundentes, urgentes e permanentes em todos os níveis, desde a aldeia até o “centro” do poder, em Brasília”.  
Tudo muito bem articulado
O espetáculo protagonizado pela ministra da Casa Civil e pelos ruralistas já vinha sendo armado há bastante tempo. Há meses, o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo faz declarações à imprensa indicando que para a atual gestão a Funai não deve ser o órgão com preponderância para definir a demarcação das terras indígenas, tal como determina a Constituição Federal. Mais recentemente, no dia 29 de abril, em Campo Grande (MS), a presidenta Dilma foi vaiada por ruralistas que protestavam contra a demarcação de terras indígenas. A partir daí uma avalanche de boatos têm sido diariamente estampados nas páginas dos jornais sobre a possível demissão da presidenta da Funai, Marta Maria do Amaral Azevedo.
Na última terça-feira, 7, com base em análise da Embrapa, a ministra Gleisi pediu ao Ministério da Justiça a suspensão de estudos da Funai para a demarcação de terras indígenas no Paraná. Este ato foi divulgado pela mídia como “uma intervenção de Dilma na Funai” e agradou bastante a ala ruralista um dia antes da ministra Gleisi ir “se explicar” no parlamento sobre a demarcação de terras indígenas neste governo, atendendo a convocação da bancada ruralista.  
No entanto, a Embrapa soltou uma nota nesta sexta-feira, 9, afirmando que o órgão de pesquisas “não tem por atribuição opinar sobre aspectos antropológicos ou étnicos envolvendo a identificação, declaração ou demarcação de terras indígenas no Brasil. Essa é uma atribuição da Fundação Nacional do Índio – FUNAI, autarquia vinculada ao Ministério da Justiça”. Mesmo assim, a Embrapa está analisando processos de demarcação em outros três estados: Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, que poderão ser suspensos a qualquer momento. O assessor político da Articulação dos Povos Indígenas Brasileiros (Apib Paulino Montejo antevê as suspensões como ante-sala para um decreto que oficialize o flagrante desrespeito aos artigos 231 e 232 em curso. 
Coincidência ou não, a ministra Gleisi, um dia após pedir a suspensão das demarcações no Paraná, compareceu à audiência pública dos ruralistas, com as “boas” notícias sobre a efetivação de um novo marco regulatório para as demarcações de terras indígenas até o mês de junho. Na prática significa, em um primeiro momento, o esvaziamento e desmonte completo da Funai.
A tragédia vai além
Municiados pelo fato de que membros do alto escalão do governo, além da própria presidenta Dilma, colocaram sob suspeita a própria Funai, os deputados ruralistas – todos homens, brancos, com mais de 50 anos e falas incrivelmente parecidas e defensoras dos interesses das elites – sentiram-se totalmente à vontade e apelaram para o princípio da isonomia constitucional, demandando que a suspensão dos processos de demarcação seja feita em todos os estados do Brasil.
“Esta audiência pública é um divisor de águas e tem como objetivo a suspensão de todas as demarcações. Não há alternativa”, afirmou de modo bastante nervoso o deputado Vilson Covatti (PP/SC), conhecido detrator dos povos indígenas e de seus aliados, imputando falsas acusações e respondendo a processos por tais atitudes em seu estado de origem.  
A instalação da Comissão Especial sobre a PEC 215, que passa para o Legislativo a prerrogativa de definir as demarcações de terras indígenas, e a vigência da Portaria 303, que estende as condicionantes da demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol para todas as terras indígenas do Brasil, também foram temas recorrentes e exigências apresentadas pelos ruralistas. Em relação a esta Portaria, o Advogado Geral da União (AGU), ministro Luís Inácio Adams, também assumindo claramente de que lado está, afirmou que “quanto mais rápido for o julgamento dela, maior clareza e certeza teremos em relação às condicionantes, que estão absolutas corretas em seu mérito. O objetivo é dar repercussão geral e a segurança do precedente. E, a partir disso, todos os processos de demarcação não finalizados deverão ser revistos retroativamente a partir desse julgamento da Portaria”. 
Não satisfeitos com a série de ataques orquestrados contra os povos indígenas, os parlamentares ruralistas ainda demandaram a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Funai, proposta recebida com aplausos pela claque formada pelos latifundiários vindos do Paraná, Bahia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. No total, segundo os próprios deputados, cerca de 1.100 representantes dos fazendeiros foram trazidos destes estados para pressionar o governo federal.
Por outro lado, 50 indígenas estiveram na audiência. Com o plenário tomado pelos ruralistas, que ultrapassavam em muito o número de 50 representantes acordado com a presidência da Câmara, os indígenas demonstraram força e coragem. De forma altiva, deixaram seu recado – apesar da censura imposta pelos ruralistas. Após cerca de duas horas, com gritos de “aqui é casa de ruralista e não de índio”, contra as manifestações preconceituosas dos deputados e da claque ruralista. Segundo Fernando Giacobo, presidente da Comissão de Agricultura e Pecuária, que presidia a audiência, os índios não podiam se manifestar. No entanto, ele não deu o mesmo tratamento aos ruralistas, que se manifestavam com aplausos após cada fala dos ruralistas. Assim como a presidente Dilma Russeff, os latifundiários não gostam de serem contrariados.
Os pequenos usados pelos grandes
O deputado Dionilso Marcon (PT-RS) alertou para a necessidade de explicitar o jogo armado pela bancada ruralista que, segundo ele, nunca se manifesta em nenhuma ação concreta para ajudar os índios que estão em situação de miséria. “O que me entristece é ver os pequenos agricultores e os quilombolas sendo colocados contra os índios. Os coronéis se escondem e estão usando os pequenos para atingir os seus objetivos”, afirmou. Ele também defende que a regularização fundiária precisa ser considerada. “São 196 proprietários que detém 336 mil hectares de terra. Destes, alguns são brasileiros. Muitas são multinacionais estrangeiras defendidas por estes que aqui se posicionam contra os índios”, concluiu.
Já o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou que para discutir questões indígenas importantes, como a PEC 215, era “fundamental que caciques indígenas estivessem na mesa, já que os caciques do agronegócio, como a senadora Kátia Abreu (PSD/TO) e o deputado Homero Pereira (PSD/MT), compuseram a mesa da audiência”. Ele também chamou a PEC 215 de excrescência, que tanto a sociedade como o governo precisam se opor. Assim como Marcon, Valente destacou a importância de separar os interesses dos pequenos agricultores e os dos latifundiários.
“A Funai virou a Geni. Os índios não são responsáveis pelos problemas que estão ocorrendo. Eles são vítimas. Há 100 milhões de hectares na mão de proprietários particulares, e mesmo assim, não se discute a reforma agrária e o sistema fundiário. As soluções são complexas e não podem ser encaminhadas somente para beneficiar o agronegócio, sojeiros e madeireiros ”, afirmou Valente. Em relação à CPI da Funai, ele afirmou que até a assinaria desde que ela analisasse as atrocidades e violências cometidas contra os povos indígenas relatadas pelo recém descoberto Relatório Figueiredo, realizado pela ditadura militar em 1967. “Dois mil indígenas Waimiri-Atroari desapareceram na Amazônia”, exemplificou.
Durante a audiência, vários deputados afirmaram que os índios são bancados por organizações internacionais e movimentos irresponsáveis, alegando que eles atuam assim porque não querem que o Brasil se desenvolva e que chegam, inclusive, a importar índios de outros países, como Paraguai e Bolívia. No entanto, apesar da contundência das denúncias, elas ficaram no vazio porque nenhum deles nomeou sequer o nome de uma dessas organizações e movimentos.
No lugar errado, na hora errada? Ou muito pelo contrário...
O deputado Sarney Filho (PV/MA) fez a última fala da audiência e afirmou que quem deveria estar naquela sessão respondendo às questões relativas à Funai era o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, já que esta instituição indigenista é vinculada ao seu ministério. “Com todo respeito, ministra, a Casa Civil não tem nenhuma atribuição constitucional para discutir as questões indígenas”, declarou ele, que defendeu o quadro qualificado da Funai e a sua atuação. “O Congresso quer promover um retrocesso na legislação. Trata-se de uma manobra para não se criar mais nenhuma terra indígena”, concluiu ele.
A participação da ministra-chefe da Casa Civil na audiência convocada pelos ruralistas, o conteúdo de sua fala, assim como a decisão de suspender as demarcações indígenas no Paraná são medidas consideradas pelo movimento indígena como um ato político único, importante para agradar os ruralistas já que ela é a provável candidata do PT ao governo paranaense. Segundo matéria da Folha de S. Paulo, edição de 10 de maio, assinada pelo repórter Aguirre Talento, “quando se candidatou ao Senado, em 2010, Gleisi recebeu R$ 390 mil de empresas ligadas ao agronegócio”. Pelo andar dos tratores, o apoio poderá ser bem maior no ano que vem.

Publicado aviso de licitação para estudo de viabilidade do Eixo Sul do Rio São Francisco! - Por que querem PRIVATIZA a EMBASA

Estação de bombeamento do Canal do Salitre (Foto Almacks Luiz)

A elaboração do estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental para a transposição do Eixo Sul do Rio São Francisco teve aviso de licitação publicado nesta quarta-feira (8), no Diário Oficial da União. A licitação contemplará a Bahia, de modo a garantir o suprimento hídrico das bacias hidrográficas de Tatauí, Salitre, Tourão/Poções, Itapicuru e Jacuípe, e prevê a elaboração do anteprojeto de engenharia do canal a ser construído. 

O presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Elmo Vaz, assinou o aviso, que data a entrega das propostas até o dia 11 de julho.

Segundo o secretário da Casa Civil do Governo da Bahia, Rui Costa, que coordena o Comitê Estadual para Ações de Convivência com o Semiárido, a implantação do Eixo Sul é essencial para o estado. “A transposição é a redenção produtiva da região. O Governo da Bahia apresentou a demanda ao governo federal, e temos a garantia de que o nosso estado será contemplado na transposição”, disse Rui Costa.

A obra contará com investimentos de cerca de R$ 6 bilhões.  A previsão é de que o canal a ser construído tenha extensão de 400 quilômetros.

Fonte : http://www.morronoticias.com/index.php/2-uncategorised/1817-publicado-aviso-de-licitacao-para-estudo-de-viabilidade-do-eixo-sul-do-rio-sao-francisco

NOSSOS COMENTÁRIOS:

Pergunta? Os dois outros eixos da transposição (eixo norte e eixo leste), pensados desde Dr. Pedro reiniciou os estudos no governo de Fernando Henrique Cardoso e as obras iniciaram no governo Lula, orçadas em 4 bilhões. Com os aditivos propostos pelas empreiteiras já passa para mais de 12 bilhões, os canais encontram-se rachados, e 4 trechos da obra é tocado por uma construtora ligado ao Cachoeira. 

Você acha que o Terceiro Eixo ou Eixo Sul sai quando? 

Perguntar não ofende. 

O governo Jaques Wagner contando com as águas do São Francisco resolvendo o déficit hídrico de 6 bacias hidrográficas com o Eixo Sul ou ou Terceiro Eixo da Transposição preparava o aumento dos ATIVOS da EMBASA para privatizá-la entregando as empresas internacionais.

No dia 07 de maio os deputados estaduais aprovaram o projeto de lei enviado pelo Poder Executivo que revoga a Lei 7.483 de junho de 1999, que autorizava a privatização da Empresa Baiana de Águas e Saneamento - EMBASA.


A sessão ocorreu na terça feira (7) na Assembléia Legislativa da Bahia.

O Projeto que tramitava em caráter de urgência, foi votado por 62 deputados, unanimidade da casa nesta terça. 

Eles jugaram que a Empresa não deve ser privatizada e, agora, o Projeto de lei passa para sanção do Governador Jaques Wagner.

Em seu governo, todos os técnicos do Sistema Hídrico são remanescentes do Carlimos, que em 1999/2000 também quiseram privatizar a EMBASA tais como: Elmo Vaz - hoje CODEVASF (funcionário de carreira da EMBASA), Abelardo - EMBASA (funcionário de carreira da EMBASA. Na época um dos defensores da Empresa, hoje do governo), Cícero Monteiro - hoje SEDUR (funcionário de carreira da EMBASA), Bento - CERB (funcionário de carreira da EMBASA) e vários outros.

Assim levando água as bacias que tinha um déficit hídrico (inclusive a do Recôncavo Norte) onde se situa Salvador que bebe água de uma transposição da Bacia do Paraguaçu, como está previsto que o Eixo Sul irá abastecer a barragem de Pedra do Cavalo e consequentemente Salvador e toda região metropolitana que já vem entrando em crise.

Quanto valoriza o ATIVO da EMBASA com disponibilidade de água nas bacias que serão beneficiadas com a água do São Francisco?

Por isso querem privatizar a EMBASA.

LUIZ DOURADO (LUIZÃO) COM UM ANO DE IDADE FAZENDO A SUA PRIMEIRA VIAGEM NO VAPOR SALDANHA MARINHO


O antropólogo Luiz Dourado (Luizão), membro titular do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Salitre, representando a ACV-MC de Morro do Chapéu-Ba, membro de duas Câmaras do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, é um atingido por barragens, na construção da barragem de Sobradinho os seus país foi removida da cidade de Casa Nova onde residiam e vieram fixar residência na cidade de Juazeiro-BA. 

A dedicação de Luizão pelo rio vem de muito tempo, além de ter nascido nas Barrancas do São Francisco e desde um ano de idade já viajava no saudoso Vapor Saldanha marinho. A foto do álbum de família retratando o Luizão em seu primeiro ano de vida viajando no saudoso vapor.

Na cidade de Juazeiro onde veio fixar residências aprendeu a nadar nas águas do Rio, praticava esportes náuticos, foi professor de educação física (natação) em colégios da cidade.

Com o casamento com Neide, veio fixar residência na Chapada Diamantina, na cidade de Morro do Chapéu, berço do Rio Salitre, assim continua o Luiz Dourado na defesa do Rio e diz: Toda minha família é ribeirinha, tenho irmãos que reside em Juazeiro, Paulo Afonso, Casa Nova, Curaçá e Barreiras.

Homenagem ao menino do rio São São Francisco. Luizão"

Os deputados estaduais aprovaram, na noite desta terça-feira (7), o projeto que revoga dispositivo da Lei 7.483, de 17 de junho de 1999, que permite ao Estado privatizar a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa)


Projeto que anula privatização da Embasa e que proíbe cobrança de ICMS na conta são aprovados
Governo e Oposição dispensaram formalidades |Foto: David Mendes
Os deputados estaduais aprovaram, na noite desta terça-feira (7), o projeto que revoga dispositivo da Lei 7.483, de 17 de junho de 1999, que permite ao Estado privatizar a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa). A proposta foi entregue no último dia 21 de março à presidência da Assembleia Legislativa (AL-BA) pelo secretário estadual do Meio Ambiente, Eugênio Spengler. A aprovação foi unânime. Antes, governo e oposição se entenderam e dispensaram formalidades e também votaram e aprovaram o projeto de lei que trata da cobrança de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a água tratada e encanada fornecida pela Embasa. No último dia 10 de abril, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu vedar a cobrança do imposto pelas concessionárias de todo o país. De acordo com a proposição enviada pelo Executivo estadual, com a adoção da medida tomada pelo STF, “o governo do Estado busca desonerar o consumidor final, reduzindo o valor pago nas contas de água".

Vazão do rio São Francisco é reduzida



A vazão foi reduzida desde o último sábado, em decorrênca da estiagem no Nordeste
Decorrência da longa estiagem no Nordeste, desde o último sábado, 4, a vazão do Rio São Francisco está reduzida, ficando abaixo do mínimo de 1.300m3/s.

De acordo com a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), o Ibama e a Agência Nacional de Águas (ANA) concederam autorização especial, em abril e, no último dia 2, em Brasília (DF), em reunião envolvendo entidades que atuam na Bacia do São Francisco, foi autorizado o início da operação da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), responsável pelas usinas hidrelétricas na Região.

Em Sobradinho (BA), a vazão ficará em 1.300 m3/s. Em Xingó (AL/SE), até o próximo dia 10, a vazão será de 1.200m3/s. Após essa data, ficará em 1.100m3/s.

O superintendente de Operação da Chesf, João Henrique Franklin, afirmou que essa é uma medida importante para elevar o nível dos reservatórios, permitindo assegurar o uso múltiplo das águas nos próximos meses, tendo em vista as perspectivas de poucas chuvas.
Redação O POVO Online

Projeto Hidroagrícola Jequitaí: CPT e MAB denunciam projeto ‘autoritário e devastador’ no Norte de Minas


CONTRA A CODEVASF


A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba – CODEVASF, órgão do Ministério da Integração / Governo Federal, implanta projeto autoritário e devastador no Norte de Minas Gerais, o Projeto Hidroagrícola Jequitaí. Duas barragens compõem este projeto para abastecer um perímetro irrigado. Baseia-se numa idéia ultrapassada, mas de alto interesse de Governo e empresários: que os grandes perímetros públicos de irrigação são as únicas alternativas para salvar o sertão da pobreza. A luta popular mostrou o contrário: que os projetos de convivência com o Semiárido, numa pluralidade de formas e iniciativas, com ampla e efetiva participação e educação do povo, podem fazer do Sertão, um Belo Sertão. Apoiado por mudanças estruturais agrárias e hídricas, são o que potencializaria a vida no Semiárido. Mas a CODEVASF financia de forma muito tímida e até irrisória projetos de Convivência com o Semiárido, e investe pesado nos grandes projetos de irrigação. De olho no mercado externo, o Governo Federal anuncia o “Mais Irrigação”, sem avaliar o desastre social e ambiental que esta política causa no Semiárido. Erra na concepção e no método e insiste no erro.
O Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB e outros movimentos e entidades vêm pressionando a CODEVASF para que atenda às reivindicações das comunidades atingidas pelos velhos e novos projetos na Bacia do São Francisco, no Norte de Minas. No mês de março, em Montes Claros, aconteceu uma audiência entre o MAB e a CODEVASF. Os representantes da CODEVASF informaram que tinham a Licença de Instalação aprovada via ad referendun pelo Secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais e Presidente do COPAM. A empresa não vem respeitando os direitos dos atingidos, não tem transparência, aprovou de forma autoritária e desrespeitosa o Plano de Negociação com os Atingidos de Barrocão e Buriti de Baixo (comunidades atingidas), não fez nenhum avanço no processo de reassentamento das famílias atingidas e não tem nenhuma proposta para os sem terras acampados na área do empreendimento. No projeto Jequitaí, o Governo age da mesma forma arbitrária e autoritária como fez no projeto Jaíba e Gorutuba. Ainda na audiência, no dia 27 de março, a CODEVASF assumiu analisar a pauta de reivindicação dos atingidos e até hoje não tomou uma posição nem para realizar uma reunião.
Na contra mão da revitalização da Bacia do São Francisco, a CODEVASF vai devastar mais de 45 mil hectares, acabará com a piracema e com as cheias das lagoas marginais (berçário dos peixes) e causará outros impactos. Os perímetros irrigados são carregados de agrotóxicos e adubos sintéticos, que contaminam os ecossistemas e as pessoas. Em Minas, na Bacia do São Francisco, são mais de 100 barragens previstas.
A licença de instalação ad referendum foi solicitada pela CODEVASF e assinada no dia 06 de fevereiro de 2013 pelo Secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, Adriano Magalhães. Não houve nenhum debate sobre essa licença no COPAM (Conselho Estadual de Política Ambiental) e o plano de assistência social, não foi aprovado pelo CEAS (Conselho Estadual de Assistência Social), como prevê a Lei Estadual 12.812 de 1998, artigo 5º, que condiciona a LI à aprovação do referido plano.
Dão as mãos o Governo de Minas e o Governo Federal em defesa de um progresso destruidor de lugares e da natureza, concentrador de riqueza e poder, autoritário e violento, que – esperávamos – estivesse ficado no século passado.
Em defesa dos direitos das comunidades atingidas e pela revitalização do Rio São Francisco.
Montes Claros, 3 de maio de 2013.
Comissão Pastoral da Terra de Minas Gerais
Movimento dos Atingidos Por Barragens

Colaboração de Alexandre Gonçalves, CPT/MG, para o EcoDebate, 06/05/2013

Outro servidor que autuou empresa de Eike é afastado da ANP


Eike Batista durante entrevista para a agência de notícias Reuters, em Nova York

DENISE LUNA
DO RIO
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA
A ANP (Agência Nacional de Petróleo) afastou mais um servidor que defendeu que a OGX, empresa de Eike Batista, fosse multada.

Além de Pietro Mendes, afastado após aplicar auto de infração contra a OGX sob a alegação de que multar a empresa não era sua atribuição, o funcionário Kerick Robery também foi trocado de setor após apoiar publicamente Mendes durante reunião com o superintendente da área de operação e meio ambiente da agência, Rafael Moura.

Mendes foi colocado à disposição do departamento de Recursos Humanos e Robery foi transferido para o setor de abastecimento.

O auto de infração anulado poderia gerar multa de até R$ 15 milhões à empresa de Eike. Foi cancelado pelo superintendente de operação com o argumento de que o técnico não estava designado para essa fiscalização.
Mendes afirma, no entanto, que partiu da superintendência o pedido para que ele analisasse o caso da OGX que deixou de instalar uma válvula de segurança em uma plataforma.

A válvula serve para evitar vazamentos em caso de acidentes e, por isso, o técnico considerou que a empresa não poderia ter deixado de fazer sua instalação.

A ANP informou que as investigações sobre a válvula de segurança continuam, mas não comentou o afastamento dos dois técnicos.

"Tenho estabilidade para resistir às pressões políticas. Ninguém pode interferir no trabalho técnico. Eu estou aqui para fiscalizar. Se não puder fazer isso é melhor ficar em casa", afirmou Mendes, 30, que é doutor em tecnologia em processos químicos e bioquímicos.

Entre as atribuições de Mendes, previstas em lei, está a de instaurar autos de infração. Ele disse que, desde 2006, quando ingressou na ANP, foi a primeira vez que teve um auto anulado. O regimento interno da ANP diz que só a diretoria colegiada pode derrubar um auto de infração.

Robery disse à Folha que foi constrangido pela própria diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, após defender o colega em uma reunião convocada pelo superintendente Rafael Moura.
"Eu vi que ele [Pietro] estava sendo pressionado e não apenas eu, toda a nossa área considerou que a autuação de Pietro estava correta", disse Robery, há três anos na ANP.

Mendes, doutor em processos químicos e bioquímicos pela UFRJ e pós graduado em petróleo e gás pela Coppe/UFRJ está desde 27 de março na área de recursos humanos da ANP, afastado de qualquer atividade.
Ele informou que recebeu o pedido de análise sobre a OGX em 12 de novembro de 2012 e que avaliou que a empresa deveria instalar a válvula DHSV (Downhole Safety Valve), que serve para aumentar a segurança durante a fase de produção.

Em caso de falha no equipamento de extração, a DHSV fecha a saída de petróleo do poço.
A autuação foi cancelada em 15 de março e o processo foi encaminhado para outro técnico.
Segundo Mendes, outro processo relativo à questões de segurança da plataforma da OGX, aberto em 30 de maio do ano passado, encontra-se parado desde 8 de junho.

Águas subterrâneas determinam a qualidade da água


 
Municípios baianos, como Alagoinhas e Dias D´Ávila, desfrutam, no cenário nacional, o privilégio de possuir água de excelência

Por meio do cálculo do Índice de Qualidade da Água (IQA) – realizado dentro de parâmetros físicos, químicos e biológicos – obtém-se dados para a análise daágua dos rios, lagos e represas para o abastecimento público. Na Bahia, os pontos com melhor qualidade de água, conforme estudos do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), pertencem aos municípios de Mascote, Jaborandi, Barra, Glória, Carinhanha, São Desidério, Itanagra, Andaraí e Tanhaçu.

Salinidade, pH, resíduos totais, dureza, nitrato e flúor são alguns dos elementos representativos na medição da qualidade da água. As amostras são coletadas de vários pontos diferentes de um mesmo rio, por isso pode haver variação espacial da qualidade da água, como explicam os técnicos do Inema. Os pontos localizados em trechos de rios que cortam cidades, por sua vez, tendem a apresentar IQA com valores mais baixos (quanto maior for o valor, melhor é a qualidade da água).

O IQA, que varia entre zero e 100, permite a avaliação sazonal da qualidade de um mesmo manancial e a comparação da qualidade entre diferentes cursos d’água, conforme técnicos do Inema. A investigação também traz informações sobre a contaminação dos corpos hídricos, ocasionada pelos esgotos domésticos.

Águas subterrrâneas – A Bahia se destaca no cenário nacional pela excelência dos seus recursos hídricos subterrâneos – que são filtrados e purificados naturalmente através da percolação – em cidades como Alagoinhas e Dias D´Ávila. A qualidade da água dessas cidades está relacionada ao aquífero (sistema de armazenamento e escoamento de água subterrânea) de São Sebastião, pertencente à Bacia Sedimentar do Recôncavo.

A importância do aquífero de São Sebastião é conferida, sobretudo, em seus múltiplos usos: no abastecimento público integral das cidades de Camaçari, Alagoinhas, Dias D’Ávila, Pojuca, São Sebastião do Passé, Mata de São João, Catu, Alagoinhas e inúmeros povoados; no suprimento da indústria petroquímica, de metalurgia, automotiva, nas termoelétricas para a geração de energia e de bebidas.

O manancial de Alagoinhas, localizado a 119 km de Salvador, é reconhecido não só pela sua água de qualidade – comprovada através de análises físico-químicas e bacteriológicas. “Esse manancial é reconhecido, também, pela sua quantidade: utilizamos apenas 25% da sua reserva”, pontua Sylvio Farias Vianna, diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Alagoinhas (SAAE), responsável pelo abastecimento de água do município. Segundo dados do SAAE, a pureza dos poços de Alagoinhas tem relação com o terreno sedimentar (arenoso) do município e com a profundidade média na qual o aquífero está localizado, entre 100 e 150 metros.

“Esses dois fatores permitem que o terreno filtre quase todas as impurezas, deixando a água cristalina e leve”, explica o assessor especial da autarquia, Nilo Carvalho. A chamada água bruta, que é retirada diretamente do lençol, é naturalmente potável. “Adicionamos flúor e cloro para cumprir a legislação. Mas estes são os únicos tratamentos necessários”, completa Sylvio.

Apostas – As características do Aquífero de São Sebastião, abundante em quantidade e qualidade, foram decisivas para que empresários do setor de bebidas escolhessem Alagoinhas e Dias D´Ávilas para instalar suas fábricas. A Schincariol, do grupo Kirin, foi a primeira cervejaria a chegar a Alagoinhas, há 15 anos. No ano passado, o Grupo Petrópolis, dono das marcas Itaipava e Crystal, assinou o protocolo de intenções para a instalação de uma fábrica em Alagoinhas. A empresa investiu R$ 1,1 bilhão e espera produzir, a partir de maio deste ano, 600 milhões de litros de cerveja.

O município também foi o escolhido pela peruana Industrias San Miguel (ISM), líder na venda de refrigerantes em seu país, para ganhar o mercado brasileiro. A empresa americana Latapack-Ball, fabricante de latas de alumínio, apostou igualmente em Alagoinhas, investindo R$ 200 milhões.

Dias D´Ávila, por sua vez, foi elevada à categoria de Estância Hidromineral, em 1962, pela qualidade de sua água mineral. Antes, em 1957, a fábrica de água mineral Dias D’Ávila foi instalada no município. Anos depois, o município se tornou sede de outras engarrafadoras de águas minerais, como a Frésca e a Indaiá. Com a descoberta das características terapêuticas das águas do rio Imbassaí, Dias D´Ávila passou a ser considerada área de veraneio e localidade apropriada para o tratamento de doenças de pele devido à lama medicinal encontrada no rio. Desde então, sua água passou a ser engarrafada e comercializada no mercado.

“A Frésca chegou em Dias D´Ávila em 1998, atraída pelo potencial de água mineral da região, que tem um lençol freático de quilômetros e quilômetros de água cujos minerais foram filtrados do solo pela natureza. E essa água é envazada para comercialização, preservando todos os sais minerais benéficos à saúde e sem contraindicação”, disse o superintendente da empresa, Manuel Vitorino.

Ele explica que a água sai da natureza, passa por filtros de resina, para filtrar os minerais insolúveis, e, depois, vai para os tanques de armazenamento, atravessa a tubulação de inox e desce até as linhas de envasamento, sem passar por qualquer processo químico para que não se percam as suas propriedades minerais.

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