VISITA DE DR. BINA A TAQUARENDI E A CAATINGA DO MOURA NA BACIA DO SALITRE

Recepção do Dr. Bina em Caatinga do Moura (clique na foto para ampliar)

Pequeno currículo do Dr. José Carlos Bina de Araújo: Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal da Bahia (1965), especialização em Medicina Tropical pela Universidade de São Paulo (1968), especialização em Especialidade de Infectologista pelo Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (1999), mestrado em Medicina pela Universidade Federal da Bahia (1976), doutorado em Medicina Interna pela Universidade Federal da Bahia (1995), doutorado em Medicina pela Universidade Federal da Bahia (1996) e residencia-medica pela Universidade Federal da Bahia (1966). Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Clínica Médica.

Resumo de uma das teses de Doutorado sobre Esquistossomose na área hiperendêmica de Taquarendi.
A localidade de Taquarendi (Bahia) está situada em zona de caatinga, porém com pequena faixa de terra irrigada, onde se encontram caramujos  Biomphalaria glabrata. Dos 1.532 habitantes, 1.105 (72,1%) submeteram-se ao exame clínico e, destes, 1.058 (95,7%) fizeram exame parasitológico de fezes. A prevalência da esquistossomose foi de 73,1%, sendo que 16,2% destes eliminavam mais de 1.000 ovos por grama de fezes. O exame clínico mostrou que o lobo esquerdo do fígado estava aumentado e/ou endurecido em 54% dos pacientes e o baço foi palpado em 21,8%. Foram classificados como hepatosplênicas 9,8% dos examinados e como portadores da forma hepatintestinal avançada 3,7%. Houve relação direta entre estas formas clínicas da doença e a intensidade da carga parasitária acima de 1.000 ovos de S. mansoni por grama de fezes.

O Dr. Bina, como aqui em Taquarendi (Mirangaba) e Caatinga do Moura (Jacobina), pertencentes à Bacia do Rio Salitre o conhecemos é um exemplo de pesquisador. Nos idos de 1967, com 26 anos, após concluir o seu curso de medicina pela UFBA – Universidade Federal da Bahia e conhecedor do trabalho do Dr. Aluizio Prata sobre Esquistossomose na área hiperendêmica de Taquarendi, que já estava na região desde 1963, resolve deixar a capital e veio fazer pesquisa nas duas localidades citadas. Por opção, passa a residir no distrito de Caatinga do Moura, porém estendeu a sua pesquisa para as comunidades de Taquarendi, Lagoa de Canabrava e outras localidades do município de Mirangaba.

Tenho conhecimento que prefeitos de algumas cidades pequenas de nosso Brasil e em especial da Bahia, pagam até R$ 12.000,00 (doze mil reais) a médicos que queiram residir na localidade para atenderem 40 horas semanais nos PSF – Pragrama Saúde da Família. Hoje a maioria destas pequenas cidades e localidades é servida de estradas asfaltadas, energia elétrica, água tratada, internet (algumas até lan house) e algumas outras regalias oferecidas pelo poder público.

Você pode imaginar o que é um pesquisador em 1967, 44 anos atrás, com 26 anos de idade deixar tudo isso e vir residir em Caatinga do Moura, que naquele tempo não tinha a menor infra estrutura (apenas com uma simples bolsa do CNPQ) e com apenas um Jeep e depois uma Rural Willys, adquiridos pelo Projeto, erradicar e tratar mais de 6 mil pessoas de Esquistossomose nas comunidades referidas?

Só pude saber isso ontem, dia 17/02/2011, onde resolvemos incluir uma homenagem ao benemérito da saúde em uma Plenária do CBHS – Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Salitre, que foi suspensa três dias antes por motivos de liberação de verbas pelo INGÁ – Instituto de Gestão das Águas e Clima, órgão a que o Comitê é vinculado. Mas como já estava tudo programado com o Dr. Bina e com as comunidades de Taquarendi (Mirangaba) e Caatinga do Moura (Jacobina) e com a Prefeita de Jacobina Drª Valdice Castro e com o prefeito de Mirangaba, Adilson Nascimento que arcaram com a logística do Dr. Bina e a organização, mantivemos a reunião apenas como homenagem e não como Plenária.

Fui testemunha ocular da recepção que a população de Taquarendi e Caatinga do Moura fizeram ao Dr. Bina, para agradecer com amor e gratidão ao Patrono da Saúde de Taquarendi como estava expresso na faixa na entrada do prédio escolar onde foi feita a homenagem. Em Caatinga do Moura, foguetório, flores, presentes (doces naturais feitos pela comunidade), versos e cânticos de pessoas das gerações mais novas que cresceram ouvindo os avós e pais falando do Dr. Bina.



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