FOTO: Alberto Cesar Araujo/AE
Fotos cada vez mais impressionantes começam a emergir da seca na Amazônia. O Rio Negro, que se junta ao Solimões na frente de Manaus para formar o Rio Amazonas, já está no nível mais baixo desde 1963.
A foto acima é do Igarapé do Franco, um dos muitos que cortam o centro de Manaus. (igarapé, para quem não sabe é um braço de rio, ou um rio menor que alimenta algum rio maior … com a ressalva de que, na Amazônia, um igarapé pode ser facilmente do tamanho do Rio Tietê em São Paulo) Ela mostra duas coisas impressionantes: 1) que a água desapareceu, a não ser por um filetinho sujo, que provavelmente é esgoto despejado pelas casas do entorno; e 2) uma quantidade enorme de lixo, que, infelizmente, não é exatamente uma surpresa, nem em Manaus nem em qualquer outro rio de áreas urbanas no Brasil.
Mas o mais impressionante mesmo (sem entrar em especulações sobre as causas climáticas da estiagem; se tem a ver com o aquecimento global ou não…) é pensar como varia o nível das águas na Amazônia. Eu já tive a oportunidade de navegar várias vezes pela região, inclusive pelo maravilhoso Rio Negro, e não canso de me espantar ao ver aquelas casas de ribeirinhos erguidas do solo sobre toras, no topo de algum barranco, a 10 metros ou mais do nível da água. Aí você vai lá e pergunta: “Mas a água chega mesmo até aqui?”. E o ribeirinho responde: “Não só chega, como às vezes a gente têm de erguer o piso da casa pra não ficar debaixo d’água.” Imagine só!
Isso é na época de uma seca normal, chamada de vazante, quando o volume dos rios fica naturalmente mais baixo.
Na época da cheia é o contrário: Você olha para aquele rio gigantesco, tão largo que às vezes não dá nem para enxergar a outra margem, e imagina ser impossível uma coisa daquele tamanho secar. Mas seca!!! Não necessariamente totalmente, mas a variação é enorme, podendo chegar a dezenas ou até centenas de metros, dependendo da configuração do rio.
Para onde vai a água? Para o oceano, como ela sempre faz. Mas se não tiver chuva nas cabeceiras para reabastecer o rio, não tem jeito. Ele seca mesmo, por mais gigantesco que seja.
A água do planeta Terra nunca vai acabar. Mas isso não significa que esteja sempre disponível para nós. Mesmo na Amazônia, é possível faltar água. E aqui em São Paulo tem um rio enorme passando também bem no meio da cidade … pena que ela não tenha oxigênio, nem peixe.
Abraços a todos.
Clique aqui para ver um slide show de fotos e ouvir um relato do fotojornalista e autêntico caboclo da Amazônia Alberto César Araújo.
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