O cerrado alimenta oito das 12 bacias hidrográficas nacionais.
Uso da técnica errada do solo prejudicou as nascentes dos rios.
O cerrado é a caixa d'água do Brasil, alimenta oito das 12 bacias hidrográficas nacionais. A água desce os córregos, que só sobrevivem protegidos pelas matas de galeria até chegar aos rios. É no cerrado que nascem o Araguaia, o Tocantins, o Paraná, o São Francisco, entre tantos outros rios fundamentais para a irrigação de fazendas e produção de energia.
“O mau uso do solo, ou a impermeabilização do solo, ou o uso de contaminantes seja na agricultura ou na área urbana acaba trazendo um risco para os rios do cerrado, tanto pra qualidade da água quanto para quantidade da água”, diz o hidrologista da Embrapa Cerrados, Jorge Enoch.
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Para proteger as nascentes do cerrado, a delegacia do meio ambiente de Goiás achou um jeito de educar os fazendeiros, que desmatam além do permitido. O delegado Luziano Castro conversa antes de punir. Numa fazenda em Jataí, a nascente foi represada para formar um lago que servia de bebedor para o gado. Há quatro anos, depois de uma chuva forte, a barragem estourou e a enxurrada acabou formando um grande buraco, a voçoroca. O terreno ao redor da nascente havia sido desmatado, e assim perdeu a vegetação que o protegia.
O uso da técnica errada prejudicou a nascente. Depois da visita do delegado, o dono da fazenda tomou uma providência. Os cem metros ao redor da nascente do rio estão protegidos, para que a própria natureza possa fazer o trabalho de recuperação do terreno danificado pela voçoroca. “Nós chegamos em tantos locais e ambientes que as pessoas continuam fazendo coisa errada. Aqui não é o exemplo, mas nós temos muitos por aí. Portanto nós já arremetamos ao poder judiciário centenas de procedimentos contra produtores”, fala o delegado de meio ambiente, Luziano Carvalho.
Os moradores do cerrado, em Goiás, estão aprendendo a usar os recursos naturais de forma sustentável. Mas os ribeirinhos que vivem da agricultura familiar, uma tradição de séculos, no oeste da Bahia, dizem que os rios da região estão secando, como no município de Cocos.
Os vilões, segundo eles, são os pivôs centrais, grandes estruturas metálicas que chegaram à região há menos de 20 anos para irrigar as grandes plantações. A geóloga Joana Luz, monitora as águas do oeste da Bahia e confirma que os rios estão secando.
A professora da Universidade Federal da Bahia diz que há diversas causas e não há provas de que o pivô central seja o problema. Ela faz pesquisas para entender o que está acontecendo.
A professora da Universidade Federal da Bahia diz que há diversas causas e não há provas de que o pivô central seja o problema. Ela faz pesquisas para entender o que está acontecendo.
“Os pivôs centrais tiram água num volume muito grande do aquífero. Mas a gente não quantificou isso para dizer é excessivo. O fato de ter desmatamento, o fato de ter ocupação das margens dos rios da diminuição das matas ciliares isso também tem reflexo grande”, fala Joana Luz.
O que se sabe é que 15 rios pequenos já secaram na região. “Quinze rios que deixaram de ter água é muito porque esses rios menores são eles que abastecem os rios maiores”.
Não creio que o pivô seja descartado. Basta observar o quantum de água ao longo de todo o agronegócio para que a geóloga Joana Luz possa entender que altera a quantidade. Vou mais além e digo que já há provas, por pesquisas laboratoriais feitas, confirmadas inclusive pelo representante da AIBA em reunião na FPI na CODEVASF em Juazeiro no ano passado, reconhecendo até a contaminação por agrotóxicos do aquífero de Urucuia que supre o São Francisco.
ResponderExcluirLuiz Dourado