Águas dos rios chegam poluídas às praias da capital baiana


A situação das águas de todos os 12 rios que cruzam Salvador está entre regular e péssima, de acordo com um estudo


A água é barrenta, o cheiro é péssimo e, mesmo de longe, dá pra ver todo o tipo de sujeira boiando. Esse é o estado de diversos rios que desembocam nas praias de Salvador e acabam emporcalhando as águas do mar. A situação das águas de todos os 12 rios que cruzam Salvador está entre regular e péssima, de acordo com um estudo realizado, no ano passado, em conjunto entre órgãos do município e do estado com a Universidade Federal da Bahia (Ufba). 
A situação compromete o banho de mar de moradores e turistas e o trabalho de pescadores que sonham voltar a trabalhar em águas limpas. 

Não muito longe do emissário submarino  inaugurado em maio deste ano, na Boca do Rio, o azul do mar é substituído pelo tom alaranjado do Rio das Pedras. “Essa água traz até cachorro e rato mortos”, lamenta Antônio Carlos Teles, pescador há mais de 40 anos.
No Rio Vermelho, as águas do Rio Lucaia lutam contra pneus e pedaços de areia e moradores evitam o banho por ali

“A depender do dia, ainda tem peixe ousado que consegue aguentar essa água, mas normalmente temos quer ir lá pra frente pra conseguir tirar alguma coisa”, conta Crispim Ribeiro Santos, 40 anos, que ganha a vida no mar desde os 12. Banho de mar? “Só os malucos tomam”, diz.
Costa azul 
Na orla do Costa Azul, o canal popularmente conhecido como “Cocô Beach”, chama-se, na verdade, Rio Camarajibe. Para o professor de Engenharia Ambiental da Ufba Luiz Roberto Santos Moraes, esse é um erro comum que deveria ser esclarecido entre a população. “Os rios de Salvador são vistos como meros canais que transportam esgoto. Numa turma de 45 alunos, por exemplo, perguntei e  não houve nenhum que soubesse o nome de um rio”, conta.  

No local, o cheiro é tão forte que  invade até os carros que passam com vidros fechados e restaurantes. “Há mais de 20 anos é assim. Aqui o pessoal nem toma banho”, afirma o pescador Dário Souza. 
Rio vermelho No Rio Vermelho, o mau cheiro é do Rio Lucaia. Na região do Mercado do Peixe, o fedor é garantido - e não é culpa dos peixes. Da balaustrada da calçada é possível enxergar, mesmo através da água barrenta, até pneu velho e pedaços de madeira.

Um comentário:

  1. Essse é o retrato vivo do descalabro sob a égide da SEMA e do Governo do Estado da Bahia, responsáveis por esse estado de coisas. Ora, se a SEMA /INEMA não cuida dos comitês, como imaginar que cuidaria das águas. Age de forma má-intencionada, desleixando-se de suas prerrogativas de apoio aos Comitês, conservação, fiscalização epreservação ambiental para cuidar dos interesses das grandes companhias de mineração e do agronegócio no oeste baiano privilegiando, na velha prática de valorização hegemônica do capital para a produção insustentável, socioambientalmente incorreta, na contramão de suas atribuições. gerando muita riqueza concentrada nas mãos de poucos, inclusive multinacionais, como a MONSANTO que põe veneno na mesa do brasileiro e promove muitas doenças fatais, que acentua as disparidades socioeconômicas, como sói acontecer nas periferias de Barreiras e Luís Eduardo com violência, prostituição e vida sub-humana. O tão decantado El Dourado do Oeste que queria se libertar da Bahia, gerou um grande inchaço com grandes e graves problemas transformado num bolsão de miséria com a proliferação de desgraças socioambientais de todo tipo.
    A responsabilidade é do Governo da Bahia que lá não cobra o uso perdulário da água, onde um pivô, dentre milhares, daria para matar a sede de 40 mil pessoas. Acresce-se o comprometimento dos aquíferos que alimentam o São Francisco nas estiagens. Uma herança maldita recebida pelo Governo Wagner, ora transformada numa genética cancerosa de tantos descalabros.

    Luiz Dourado

    ResponderExcluir

Arquivo do blog