A colaboração das Campanhas da Fraternidade para as políticas públicas brasileiras são inegáveis, desde que o olhar esteja despido de preconceitos religiosos ou eclesiais. Temáticas como a violência, paz, água, terra, deficientes, tem ajudado a sociedade brasileira a debruçar-se sobre desafios que em geral ficam apenas na constatação e reclamações. São 49 anos de grande contribuição da Igreja.
Infelizmente certos setores da Igreja acham que a CF atrapalha o clima da Quaresma. Eu penso exatamente o contrário, isto é, a CF enriqueceu a Quaresma, dando-lhe um conteúdo positivo de conversão para o irmão, vencendo aquele clima necrófilo vivido nas Quaresmas em certas regiões brasileiras. Mas, a CF não perdeu sua pertinência.
Esse ano, a temática da saúde pode fazer um bem fantástico a milhões de brasileiros que precisam da saúde pública. Esse é o primeiro mérito do texto base, ele põe a questão da política pública de saúde para ser debatida, sem renunciar às outras dimensões, como do cuidado com os enfermos, da valorização dos profissionais de saúde, da saúde alternativa.
Uma das dimensões inseridas no debate é a relação saúde e ambiente. Participei um pouco das reflexões sobre esse assunto, particularmente no Congresso da Pastoral da Saúde, final do ano passado, no espaço camiliano em S. Paulo. Aliás, vai ser lançado também um livro sobre o assunto, organizado pelo Pe. Alexandre, Camiliano envolvido na Pastoral da Saúde. A constatação é óbvia: sem ambiente sadio, não existem pessoas sadias. Portanto, toda dimensão preventiva da saúde precisa ser efetivada. Aí entra a questão do saneamento, água potável, alimentos sadios, casas salubres, ar limpo e tudo mais que a própria Constituição já prevê como saúde ambiental.
A Pastoral conta ainda com um médico como seu coordenador, Dr. André Luís, que já foi secretário de saúde de Uberlândia, Minas. Ele também representa a Pastoral da Saúde no Conselho Episcopal Latino Americano (CELAM). Portanto, consegue articular a dimensão profissional com a dimensão pastoral, algo essencial nas Campanhas da Fraternidade.
Tomara que a saúde se difunda sobre a Terra, numa época de graves problemas ambientais e de saúde pública. Se avançamos com o SUS, precisamos que ele se torne real para todos os brasileiros. O SUS, juntamente com a Previdência Social, forma a solidariedade social mais ampla e generosa desse país, que é tão injusto na concentração de bens, de renda, saberes e poderes.
A luta pela justiça é também uma luta pela saúde.
Roberto Malvezzi (Gogó), Articulista do Portal EcoDebate, possui formação em Filosofia, Teologia e Estudos Sociais. Atua na Equipe CPP/CPT do São Francisco.
EcoDebate, 24/02/2012
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