LAGOA DE ANTÔNIO TEIXEIRA SOBRINHO - UM PEDIDO DE SOCORRO

Lagoa de Antônio Teixeira Sobrinho - Foto de Almacks Luiz

Vejo com preocupação a preparação da mega festa de comemoração do primeiro ano de vida da Rádio Jaraguar AM 1.310 MHz com diversos eventos, shows milionários e etc., e ao mesmo tempo com tristeza também, o primeiro ano, não de comemorações, mas de luto para a Lagoa Antonio Teixeira Sobrinho que têm despejadas diariamente centenas de toneladas de ondas ionizantes em sua bacia geradas pela sua antena transmissora agredindo tão importante manancial ecológico, habitat das mais diversas espécies silvestres, sua vida marinha, causando imenso desequilíbrio, pois já não vemos os patos selvagens que sofrem a interferência das ondas de amplitude modulada em sua navegação, assim como a mudança dos ninhário das garças, a diminuição drástica dos peixes prejudicando os muitos pescadores que vivem da atividade. Até as cobras que eram abundantes já não são mais vistas, isto supõe que não há mais rãs nas margens do lago, advindo daí a horda de mosquitos que aumentam dia a dia em nuvens imensas causadas pela ausência desses seus predadores naturais, e daí forma-se uma seqüência inimaginável de prejuízos da cadeia alimentar dos seus habitantes desequilibrando todo o processo de vida que a natureza ao longo de milhares de anos construiu.
            Relatos dão conta de mortandade de peixes no inicio de sua operação, e agora, com as cheias, diferente dos anos anteriores que eram pescados dezenas de sacos de peixes em seu sangradouro, quarta-feira dia 15, quando iniciou o transbordamento, pouquíssimos peixes e piabas foram vistos,
            Esta Lagoa, um dos mais importantes santuários ecológicos de Jacobina, com mais de 8 km² de extensão, é a maior área inundada do Município, sendo vital para muitas espécies de vida, além de sustento de centenas de famílias que vivem de sua existência, quer na pesca artesanal, quer na labuta da terra (pequenas hortas, sendo sua produção vendida nas feiras-livres), para algumas, única renda.
            Pergunta-se que respaldo terá seus comunicadores para cobrar, denunciar, exigir coerência, quando os microfones que lhes são disponibilizados cometem tão horrendo crime ambiental, e este é o pior deles, pois é contra seres indefesos, frágeis e tão necessários ao equilíbrio de tão precioso paraíso ecológico. É como uma criança que está sendo cruelmente agredida por quem tem o dever de protegê-la.
            Será que os órgãos de defesa ambiental, (IBAMA, IMA, INGA, os Conselhos Ambientais, tanto municipais como estaduais, as comissões legislativas) ao permitirem sua instalação – se permitiram... – não levaram em conta a importância da Lagoa para a cidade e região? E os responsáveis pela emissora, não se sensibilizaram quando da escolha do local para sua implantação como fizeram as co-irmãs? Como seus anunciantes poderão alegar responsabilidade social, quando financiam com a propaganda de suas empresas tamanha destruição.
            Este é um grito de socorro de tão importante parque ecológico e um pedido para que se mude com urgência, antes que sejam tarde demais, as instalações dessa antena para um local mais apropriado. De destruição já basta à insensibilidade do lixão que a contamina.
            Não simplesmente ser contra a emissora que é muito bem vinda e presta relevantes serviços à população e à democracia de nosso País, sendo seu quarto poder.
Que Deus nos proteja e principalmente à Lagoa Antonio Teixeira Sobrinho, sua fauna e flora.
Jacobina (BA), 23 de dezembro de 2010
José Carlos Bacelar
Chácara Casa da Lagoa – Lagoa Antonio Teixeira Sobrinho

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivo do blog