Brasil é um dos centros de origem da biodiversidade agrícola segundo professor Nagib Nassar
Centros de origem, segundo a Botânica, são regiões onde surgiram as principais de alimentos cultivados no mundo. A teoria foi criada pelo russo Nikolai Vavilov. O Brasil é um desses lugares, ensinou o professor emérito Nagib Nassar no primeira dia do curso Estratégias para Agrobiodiversidade no Centro-Oeste, oferecido aos estudantes da UnB Planaltina. Os professores do campus presentes destacaram a importância da agricultura familiar para preservação dessas espécies. “É o pequeno agricultor que melhor conhece essas variedades”, afirmou Ricardo Neder. “A diversidade de espécies agrícola está associada à sociodiversidade – representadas pelo pequeno produtor”.
“O Brasil concentra a maior diversidade de espécies de mandioca e amendoim”. Segundo o professor, a diversidade genética é importante para a descoberta de espécies mais resistentes a doenças e nutritivas. “A maior diversidade de soja, por exemplo, está na China. O trigo, por outro lado, surgiu na região onde hoje fica o Irã e o Iraque”.
Egípcio, Nagib veio estudar no Brasil justamente por encontrar aqui um centro de origem. No caso, da mandioca. Os estudos do pesquisador resultaram em mais comida para milhões de pessoas na África Ocidental. A mandioca plantada ali, levada pelos portugueses, sofria com a praga do mosaico africano. Para salvar o cultivo, usado largamente como alimento pelos habitantes locais, foi preciso procurar uma variedade diferente da planta no Brasil. Nagib cruzou duas espécies brasileiras: a de consumo comum e uma outra selvagem. A nova espécie, melhorada, resistiu às pragas do bioma africano. Saiba mais aqui.
“Em muitas ocasiões o geneticista não sabe onde encontrar as melhores espécies, é aí que o diálogo com o saber popular se torna essencial”, disse Tamiel Khan, professor do curso de Licenciatura em Educação do Campo. Segundo Tamiel, a atuação dos agricultores também é essencial para proteger as variedades selvagens das espécies cultivadas. “Geralmente essas espécies são as mais adaptadas as condições naturais de solo e clima”.
Texto de Francisco Brasileiro, da Secretaria de Comunicação da UnB, publicado peloEcoDebate, 13/10/2011
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