Salve o rio São Francisco da nossa morte, amém.

Geraldo Azevedo
Quando o músico e compositor petrolinense, Geraldo Azevedo, convidou seus amigos igualmente artistas e sensíveis para  criação de um álbum temático e diverso na concepção, estava reescrevendo  gênese da sua própria vida. Particularmente, sabemos todos, o ribeirinho do Jatobá, despido de quaisquer vaidades pessoais, estava redigindo um estatuto tendo como signatários, Dominguinhos, Vavá Cunha, Djavan, Ivete Sangalo, Maria Bethânia, Alceu Valença, entre outros, em defesa do Rio São Francisco. Os temas sociais, as manifestações políticas, intensos, são repetidos exaustivamente, porém, ignorados pelos inquilinos do poder em Brasília. Fartamente explorado, pelo bem e pelo mal, o Rio sertanejo, segue com suas águas angustiadas pelas companhias de saneamento. Nem a histórica viagem de Luis Inácio, ainda desejoso da presidência, inspecionando  o derrocamento,  a devastação ciliar, a diversidade biológica de tamanho e quase esgotado leito, foi convincente para um programa que lhe retornasse vida. A duvidosa interpretação do governo sobre um rio que lhe pesa sobre os ombros. Saiu a transposição para festejo do hidronegócio e pirotecnias de empreiteiras enredadas com seus financiados da vida pública com túnicas privadas. Mas,  revitalização mesmo, ansiosamente revelada dos artigos e parágrafos fonográficos de Geraldo Azevedo,  pedindo salvação para o Rio São Francisco lembrado em jejuns por Bispos da estirpe de Dom José Rodrigues, Juazeiro,   (in memoria) e Dom Luis Cappio, Barra,   Bahia, nada, nada. “Salve o Rio…”, da obra, da discografia de Azevedo, CD e DVD é um aviso solene, resignado, nascido do ventre irrequieto das carrancas do Jatobá. E que bem sabia da morte anunciada todo dia pelo evangelho do beato distante que dizia “ que o mar também vire sertão” em tom profético da poesia de Sá e Guarabira, do hino a  Sobradinho, e hoje, na prece insone do Vapor.
Por Marcelo Damasceno,
Central de Jornalismo da Voz do São Francisco.

Um comentário:

  1. É assim que tratam as nossas Águas, despejando Toneladas de Fezes e outros poluientes, assim tambem como tratam os nossos Ouvidos com os despejos de fezes em forma musícal. Com certeza a musica feita por Geraldo Azevêdo vêm desta pureza que infelismente a Mídia tenta esconder.

    ResponderExcluir

Arquivo do blog