Ministério da Integração dos Coronéis

Por  Roberto Malvezzo (Gogó)


Há algumas décadas o Ministério da Integração Nacional é reduto dos coronéis nordestinos. Na era lulista o Ministério ficou inicialmente com Ciro Gomes. Ele se presume um estadista. Pensou estrategicamente o desenvolvimento do Brasil a partir do Ceará. Ali, um porto para exportar para o mundo – a competitividade dos preços pelo encurtamento das distâncias - com uma siderurgia no porto, movida pelas águas do São Francisco, com uma ferrovia (Transnordestina) que carreasse toda a produção mineral e do agronegócio desde o Piauí até o porto do Pecém. Em debates mais internos Ciro sempre foi sincero e nunca negou a natureza econômica da Transposição.
Saiu Ciro e entrou Geddel Vieira Lima. Aproveitou a pasta e dirigiu mais de 60% dos recursos do Ministério para a Bahia. Fez a base de sua campanha eleitoral para governador no vale do São Francisco com recursos do Ministério para as prefeituras da região. Trombou politicamente com Wagner, perdeu, está no ostracismo político.
Entra Dilma e o Ministério foi para Fernando Bezerra Coelho, ex-prefeito de Petrolina, da oligarquia reciclada dos Coelhos. Dominam a região há praticamente um século. É aliado de Eduardo Campos e quer ser prefeito do Recife e eleger o filho prefeito de Petrolina.
Ele não se fez de rogado. Elegeu o filho Fernando Coelho Filho deputado federal e o irmão Clementino Coelho tornou-se presidente interino da CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco). Diga-se, há nove meses ocupa o cargo. Liberou 9,1 milhão de reais para o filho através de emendas parlamentares, destinou 90% dos recursos de prevenção de enchentes para o Pernambuco, impôs 300 mil cisternas de plástico para serem distribuídas pela CODEVASF. Detalhe: 22.799 (38%) do lote inicial de 60 mil são para Petrolina e região.
Era de se supor que um Ministro da Integração Nacional tivesse uma visão integrada do país. Mas, é assim, com políticos miúdos – salvo raras exceções -,  com políticas miúdas que tem sido administrado esse Ministério. Enquanto o país de dimensões continentais se desmancha pelas encostas com as enchentes de cada verão, a visão paroquial permanece no miolo dos ministros.  
Para piorar, Fernando Bezerra conta com o aval da Presidente Dilma Roussef, inclusive para desmantelar a convivência com o semiárido e ressuscitar o coronelismo baseado no controle da sede humana, agora pela doação de cisternas de plástico.
Agora tudo é claro como o sol de Juazeiro e Petrolina.  

2 comentários:

  1. Para essa questão do Ministério da Integração trata-se sempre e permanentemente de uma configuração com naipes de péssima qualidade que sempre pulam de um lado para o outro na política para se valerem de cargos e tráfico de influências de todo tipo.
    Fernando Bezerra Coelho conseguiu entre todos os "coelhos da cartola" ser o pior e mais pernicioso. O descalabro foi tão grande que conseguiu manchar a "bem protegida" família Coelho numa desastrada administração em Petrolina. Ele não conseguiu acompanhar os moldes de Nilo e cia e não se reciclou na linhagem "Coelho" sendo, portanto a mais notória "ovelha negra política" da oligarquia Coelho. É um em pernambuco e outro na Bahia.
    Cabe observar, pois é fato notório, que essa "marca de petrolinismo" foi sempre a tônica fundamental dos Coelhos em Petrolina e isso pode ser visto na diferença entre Petrolina e Juazeiro com essa marca característica dos "coelhos" que aproveitaram os restos da política para favorecer Petrolina.
    Os políticos de Juazeiro nunca conseguiram cooptar , valendo-se dos "brios de ACM" qualquer confronto em termos de obras e recursos para Juazeiro que ficou relegado a ao mofo de passado histórico. E se se pensar em desenvolvimento e circulação de recursos é por conta de outros fatores inclusive privados.
    Juazeiro está fadado a um fracasso político com as correntes retrógradas e as falsas correntes renovadoras.
    Gedel já se pode esperar todos os maneirismos e matreirices advindas do "carlismo" onde foi "gerado e aí foi bem nutrido" de todos os malabarismos e artimanhas políticas de todo jaez.
    Mais claro que o Sol de Juazeiro e Petrolina é essa constatação de política "ping-pong" sempre travestida de renovação, mas que sempre usa as avoengas e pretéritas fórmulas desgastadas de favorecimentos pontuais, troca de favores e beneficiamentos a grupos de apoios sem nunca pensarem como minsitros do Brasil que devem dar atenção a todos os brasileiros.

    Luiz Dourado

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  2. O Ministério Público Federal (MPF), em atenção aos questionamentos da imprensa, informa que propôs quatro ações civis por atos de improbidade administrativa contra Fernando Bezerra Coelho, outros agentes públicos e particulares, por irregularidades praticadas na gestão do município de Petrolina (PE).

    Segundo consta em uma das ações, houve inexecução do objeto de convênio firmado, em 2005, pelo município de Petrolina com a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), para a realização de obras de esgotamento sanitário na sede do município de Petrolina. O convênio, firmado inicialmente com valor de R$ 9 milhões, passou para o total de R$ 24 milhões, em virtude da celebração de aditivos.

    As irregularidades, praticadas durante as gestões de Fernando Bezerra Coelho e de seu sucessor Odacy Amorim de Sousa, foram apontadas pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Codevasf. De acordo com relato da CGU, houve superfaturamento das obras. Além disso, o município não apresentou, antes de firmar o convênio, licença ambiental para execução das obras e nem comprovou que os imóveis onde as obras seriam executadas seriam realmente públicos.

    Posteriormente, foi constatado que nem toda a área era de domínio público, fato que determinou a paralisação das obras. A CGU e a Codevasf constataram, ainda, que serviços foram medidos e pagos sem que tivessem sido de fato executados. Finalmente, relataram-se vícios em relação ao projeto básico das obras e à licitação que selecionou a empresa contratada.

    Falta de licitações - Em outra ação, o MPF relata que, em 2001, a empresa SP Síntese Ltda. foi contratada sem a realização da devida licitação, para fornecimento de órteses e próteses para o Hospital Dom Malan, com recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).
    dispensa de licitação aconteceu em 200 Rodovia BR 407/PE, travessia urbana de Petrolina Km 125 – Km 130,1. Valor total foi de R$ 3,8 milhões, Descumpriu e desobedeceu as orientações do DNIT.

    raudando-o, situação de estado de calamidade que já não ocorria na ocasião da contratação. Por meio desse ato, os réus impediram todos os possíveis interessados de concorrer ao contrato e beneficiaram a empresa CM Machado Engenharia Ltda. e seu sócio Carlos Augusto Machado Junior.

    Não prestação de contas - Em outra ação, o MPF ressalta irregularidades no convênio firmado, em 2001, entre o município de Petrolina e o Ministério do Meio Ambiente (MMA), por intermédio da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH). Segundo consta na ação, foi repassado ao município o montante de R$ 632 mil, com contrapartida de R$ 70 mil da prefeitura. O objetivo era implantar a rede de esgotamento sanitário na Vala Marcela 1ª Etapa. Porém, o município não encaminhou ao Tribunal de Contas da União (TCU) os documentos e justificativas exigidos para verificação da boa e regular aplicação dos recursos federais recebidos.


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    ANONYMUS

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