Natasha Pitts
Jornalista da Adital
Acontece durante toda esta sexta-feira (13) em Cartagena de Índias, na Colômbia, o Fórum Internacional: Grande mineração transnacional na América Latina, organizado pela Rede Colombiana Frente à Grande Mineração Transnacional (Reclame), entidade formada por organizações colombianas que combatem a política mineiro-energética. O evento se realiza no marco da V Cúpula dos Povos, que teve início ontem e segue até amanhã, também em Cartagena.
O objetivo do encontro é gerar um espaço de análise e reflexão sobre a mineração em grande escala e os prejuízos causados pelo modelo extrativista nas Américas.
Participam deste momento conferencistas da Colômbia e de outras nações, assim como integrantes do Sintracarbón de Cerrejón e de La Jagua de Ibirico, Associação Minga, Corporação Terra Digna, Corporação Aury Sará, Cedins, Conalminercol, Cedetrabajo, Fedemichocó, Censat Água Viva, Comitê Cívico pela Defesa do rio Ranchería, Comitê Cívico pela Defesa de Santurbán, Associação de Mineiros do Bajo Cauca, entre outras organizações e movimentos ligados à luta contra a mineração.
Em entrevista à Adital, Mario Alejandro Valencia, do Centro de Estudos do Trabalho (integrante da Reclame), aponta que a organização popular é o caminho para fazer frente à mineração em grande escala, que afeta não só a Colômbia, mas inúmeros países da América Latina.
"A única saída é a resistência. Certamente, pacífica e democrática. Mas para que tal resistência seja exitosa necessitamos que haja mais consciência na população sobre o que se aproxima. Este modelo extrativista é o ‘prêmio de montanha’ do neoliberalismo. É o último que fica por saquear. Se permitirmos isso já não haverá países nem território para defender. Nosso desafio é fazer com que a população conheça a magnitude desse modelo e se organize para freá-lo”, alertou.
O Fórum Internacional e a Cúpula dos Povos acontecem um dia antes do início da VI Cúpula das Américas, que também será realizada em Cartagena de Índias. Esta proximidade não é por acaso. Alejandro Valencia revela que a Cúpula dos Povos é responsável por um histórico de vitórias. O ativista aponta que, como resultado da III Cúpula dos Povos, em 2005, foi possível vencer a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) em Mar del Plata.
Logo, com a V Cúpula, o que se quer é mostrar que a mineração em grande escala não é um bom negócio e impedir que ela siga avançando. Alejandro Valencia chama atenção também para a importância de unir esforços de organizações e populações interessadas em combater a atividade extrativista.
"Deste fórum se espera fortalecer o processo de articulação continental com movimentos sociais que se opõem à grande mineração transnacional. Se estas empresas seguem o mesmo padrão em todos os países, é necessário uma resposta conjunta dos povos da América”, fala, ressaltando a importância da união de forças.
Mineração na Colômbia
A Colômbia, assim como outros países da América Latina, está sendo ocupada por grandes empresas interessadas em extrair petróleo, gás, ouro, ferro, carvão, coltan e outras riquezas locais. Como consequência da atividade mineira, milhares sofrem com a perda da biodiversidade, falta de água, contaminação do ar e da água e enfermidades causadas por produtos usados nas minas, entre outros problemas.
Alejandro Valencia avalia que o país tem problemas semelhantes aos outros da AL e que é um "Estado a serviço das transnacionais e duro com seu povo”. Por isso, para combater os prejuízos ambientais e o enriquecimento das transnacionais à custa do sofrimento do povo foi que se criou em 2010 a Reclame. A Rede é constituída por organizações, ambientalistas, trabalhadores, pequenos mineradores e comunidades afetados pela política mineira.
Mais informações, no site: http://www.reclamecolombia.org/
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