Águas subterrâneas determinam a qualidade da água


 
Municípios baianos, como Alagoinhas e Dias D´Ávila, desfrutam, no cenário nacional, o privilégio de possuir água de excelência

Por meio do cálculo do Índice de Qualidade da Água (IQA) – realizado dentro de parâmetros físicos, químicos e biológicos – obtém-se dados para a análise daágua dos rios, lagos e represas para o abastecimento público. Na Bahia, os pontos com melhor qualidade de água, conforme estudos do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), pertencem aos municípios de Mascote, Jaborandi, Barra, Glória, Carinhanha, São Desidério, Itanagra, Andaraí e Tanhaçu.

Salinidade, pH, resíduos totais, dureza, nitrato e flúor são alguns dos elementos representativos na medição da qualidade da água. As amostras são coletadas de vários pontos diferentes de um mesmo rio, por isso pode haver variação espacial da qualidade da água, como explicam os técnicos do Inema. Os pontos localizados em trechos de rios que cortam cidades, por sua vez, tendem a apresentar IQA com valores mais baixos (quanto maior for o valor, melhor é a qualidade da água).

O IQA, que varia entre zero e 100, permite a avaliação sazonal da qualidade de um mesmo manancial e a comparação da qualidade entre diferentes cursos d’água, conforme técnicos do Inema. A investigação também traz informações sobre a contaminação dos corpos hídricos, ocasionada pelos esgotos domésticos.

Águas subterrrâneas – A Bahia se destaca no cenário nacional pela excelência dos seus recursos hídricos subterrâneos – que são filtrados e purificados naturalmente através da percolação – em cidades como Alagoinhas e Dias D´Ávila. A qualidade da água dessas cidades está relacionada ao aquífero (sistema de armazenamento e escoamento de água subterrânea) de São Sebastião, pertencente à Bacia Sedimentar do Recôncavo.

A importância do aquífero de São Sebastião é conferida, sobretudo, em seus múltiplos usos: no abastecimento público integral das cidades de Camaçari, Alagoinhas, Dias D’Ávila, Pojuca, São Sebastião do Passé, Mata de São João, Catu, Alagoinhas e inúmeros povoados; no suprimento da indústria petroquímica, de metalurgia, automotiva, nas termoelétricas para a geração de energia e de bebidas.

O manancial de Alagoinhas, localizado a 119 km de Salvador, é reconhecido não só pela sua água de qualidade – comprovada através de análises físico-químicas e bacteriológicas. “Esse manancial é reconhecido, também, pela sua quantidade: utilizamos apenas 25% da sua reserva”, pontua Sylvio Farias Vianna, diretor do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Alagoinhas (SAAE), responsável pelo abastecimento de água do município. Segundo dados do SAAE, a pureza dos poços de Alagoinhas tem relação com o terreno sedimentar (arenoso) do município e com a profundidade média na qual o aquífero está localizado, entre 100 e 150 metros.

“Esses dois fatores permitem que o terreno filtre quase todas as impurezas, deixando a água cristalina e leve”, explica o assessor especial da autarquia, Nilo Carvalho. A chamada água bruta, que é retirada diretamente do lençol, é naturalmente potável. “Adicionamos flúor e cloro para cumprir a legislação. Mas estes são os únicos tratamentos necessários”, completa Sylvio.

Apostas – As características do Aquífero de São Sebastião, abundante em quantidade e qualidade, foram decisivas para que empresários do setor de bebidas escolhessem Alagoinhas e Dias D´Ávilas para instalar suas fábricas. A Schincariol, do grupo Kirin, foi a primeira cervejaria a chegar a Alagoinhas, há 15 anos. No ano passado, o Grupo Petrópolis, dono das marcas Itaipava e Crystal, assinou o protocolo de intenções para a instalação de uma fábrica em Alagoinhas. A empresa investiu R$ 1,1 bilhão e espera produzir, a partir de maio deste ano, 600 milhões de litros de cerveja.

O município também foi o escolhido pela peruana Industrias San Miguel (ISM), líder na venda de refrigerantes em seu país, para ganhar o mercado brasileiro. A empresa americana Latapack-Ball, fabricante de latas de alumínio, apostou igualmente em Alagoinhas, investindo R$ 200 milhões.

Dias D´Ávila, por sua vez, foi elevada à categoria de Estância Hidromineral, em 1962, pela qualidade de sua água mineral. Antes, em 1957, a fábrica de água mineral Dias D’Ávila foi instalada no município. Anos depois, o município se tornou sede de outras engarrafadoras de águas minerais, como a Frésca e a Indaiá. Com a descoberta das características terapêuticas das águas do rio Imbassaí, Dias D´Ávila passou a ser considerada área de veraneio e localidade apropriada para o tratamento de doenças de pele devido à lama medicinal encontrada no rio. Desde então, sua água passou a ser engarrafada e comercializada no mercado.

“A Frésca chegou em Dias D´Ávila em 1998, atraída pelo potencial de água mineral da região, que tem um lençol freático de quilômetros e quilômetros de água cujos minerais foram filtrados do solo pela natureza. E essa água é envazada para comercialização, preservando todos os sais minerais benéficos à saúde e sem contraindicação”, disse o superintendente da empresa, Manuel Vitorino.

Ele explica que a água sai da natureza, passa por filtros de resina, para filtrar os minerais insolúveis, e, depois, vai para os tanques de armazenamento, atravessa a tubulação de inox e desce até as linhas de envasamento, sem passar por qualquer processo químico para que não se percam as suas propriedades minerais.

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