MINERAÇÃO YAMANA GOLD EXPULSA FAMÍLIAS DE COMUNIDADES TRADICIONAIS EM JACOBINA



População atingida
Mil e duzentas pessoas, compostas por 300 famílias que viviam no entorno da Mina como garimpeiros nas comunidades de Jabuticaba, Itapicuru e Canavieira de Fora, porque a Canavieira de dentro o povo já foi expulso. 
Esta semana começou a demolição das casas das 112 famílias da comunidade da Canavieira que estão sendo indenizadas apenas as benfeitorias e impondo casas a estas famílias na periferia de Jacobina. Segundo uma moradora da localidade um senhor que teve a sua casa indenizada não se socializou na Jacobina III, para onde está sendo levada a maioria das famílias e já tentou suicídio duas vezes. Outro morador que foi indenizado e recebeu a casa no Jacobina III (sem documento registrado em cartório), não consegue passar o dia em seu lar, vive o dia todo na comunidade que foi induzido a sair.
A expulsão começou com os moradores da Canavieira de dentro, agora com a Canavieira de Fora e quando será que teremos que sair de Jacobina? Segundo um geólogo amigo, a tecnologia tem avançado e muito quanto à pesquisa mineral, quando certificarem que o rio do Ouro (centro da cidade) é um potencial aurífero como já foi constatado com o Córrego Rico que também corta o centro de Paracatu Minas Gerais, você vai ser expulso e irá dizer: Poucos fizeram alguma coisa quanto a invasão da mineração em nossa cidade, agora são eles de uma pequena comunidade, mas amanhã poderá ser você. Faça a sua parte!
Um blog da cidade já está divulgando a nota paga da Empresa “o Dia Integrar 2011” neste dia a empresa usa instituições como a UNEB e UNIVASF, que são universidades públicas que se vendem a projetos econômicos. Dilapidando os impostos pago pela população para contribuir com uma Empresa expulsar comunidade, mas neste dia se você tiver com a unha ou os cabelos grande vá lá que será cortado e tirado uma foto para dizer que a empresa faz cidadania. Será que eles sabem o que é cidadania, ou será que expulsar povos de comunidades tradicionais é fazer cidadania?
História
A primeira extração de ouro na Bacia do Itapicuru em Jacobina era feita por pequenos grupos de pessoas ou mesmo individualmente com batéias. Esse tipo de exploração aurífera iniciou-se por volta de 1670, com garimpagem de córrego e de aluvião.
Em 1880 é criada com capital brasileiro e inglês a Companhia Minas de Jacobina estabelecida na Serra do Vento que atuou desde o sul de Jacobina até o noroeste de Pindobaçu com tratamento mecanizado e fazendo amalgação.
Em 1947, foi retomada a exploração aurífera mecanizada em Jacobina, pela empresa com capital brasileiro e canadense, a Companhia de Mineração de Ouro de Jacobina Limitada que se estabeleceu na área de Canavieira de Dentro
Em 1950 a empresa canadense Mineração Northfield Limited passou a controlar 90% do capital da companhia que funcionou até 1966
Depois de um longo tempo de paralisação, a Anglo American Corporation montou em 1973 a empresa UNIGEO para pesquisa da área, e iniciou a extração com a empresa Morro Velho, Jacobina Mineração e Comércio, adquirida pela Desert San Maine e finalmente a Yamana Gold empresa canadense fundada em 2003, com sede em Toronto – Canadá e tem Unidades em vários países. No Brasil tem unidades em vários estados e na Bahia nas seguintes cidades: Jacobina, Teofilândia, Santa Luz e Pindobaçu.
Em Jacobina exploram mina subterrânea de ouro, compreendendo 5.996 hectares em concessões minerais, 129.572 hectares de concessões para exploração e 6.012 hectares de títulos de exploração, em um complexo de seis minas: Canavieiras, Itapicuru, João Belo, Morro do Vento, Basal e Lagartixa, com uma planta de beneficiamento em comum.
Processo Industrial
O ouro está presente no minério em associação com vários tipos de rocha, inclusive a arsenopirita. O processo de moagem, hidratação e oxidação das rochas liberam ouro, arsênio e ácido sulfúrico. A Yamana Gold minera as rochas, retira o ouro para o mercado mundial e devolve o arsênio e o ácido sulfúrico para os jacobinenses.
O ouro é extraído com a adição de cianureto ou simplesmente conhecido como cianeto, que a toxicidade do íon cianeto (HCN) é conhecida há mais de dois séculos, porém, os compostos que contém cianeto são tóxicos somente se liberarem HCN numa reação. Sem dúvida alguma, o ácido cianídrico ou ácido prússico é o veneno de ação mais rápida que se conhece. Por ingestão, a dose é capaz de provocar a morte entre 3 e 4 minutos
Contaminação por Arsênio
Paracatu e Nova Lima em Minas gerais são as cidades brasileiras mais contaminadas por arsênio, em decorrência da mineração de ouro nestas cidades.
Enquanto países como Canadá não permitem contaminação dos solos por arsênio acima de 5 ppm, em alguns bairros de Paracatu e Nova Lima a concentração de arsênio nos solos chega a 13000 ppm. Em Paracatu, a responsável pela contaminação é a empresa canadense RPM – Rio Paracatu Mineração/Kinross, que conta com o apoio de um punhado de autoridades governamentais brasileiras.
Em nossa cidade não temos nenhum estudo oficial feito por um Instituto independente ou uma Universidade atestando a contaminação de nossos solos, grande volume de rejeitos de cianureto e arsênio são depositados sobre nascentes de água potável de abastecimento público.
Danos causados
Doenças não transmissíveis ou crônicas, deterioração da qualidade de vida, violência - coação física, casos de doença renal, doença neurológica, doença cardiovascular, câncer, cegueira, diabetes, aplasia medular e outras doenças identificadas estão relacionadas à atividade de mineração. Criação e transmissão de mutações genéticas de efeitos deletérios sobre a espécie humana.
Síntese do conflito
A população das comunidades de Jabuticaba, Itapicuru, Canavieira e toda cidade de Jacobina  está cronicamente exposta ao arsênio e outras substâncias tóxicas contidas nos rejeitos da atividade de mineração de ouro a céu aberto, realizada pela empresa Yamana Gold no passivo ambiental do João Belo.
Uma análise do Laboratório Labiotec, de Uberlândia, constatou a contaminação por chumbo, cádmio, mercúrio e cianeto nas águas da barragem de rejeitos da RPM, no brejo abaixo da barragem e numa cisterna na região do ribeirão Santa Rita. O responsável técnico pelo estudo, Giovani Melo, afirmou que as concentrações encontradas são “perigosas do ponto de vista clínico, pois estes agentes químicos se acumulam no organismo ao longo dos anos”. A situação foi considerada pelo pesquisador de “gravidade extrema, pois as contaminações por metais pesados provocam cegueira, destruição do sistema imunológico, destruição do sistema nervoso central e outras afecções, sempre que há exposição do ser humano aos locais e águas atingidas” E em Jacobina qual a análise dos resíduos que vazou várias vezes para o Rio Itapicuru Mirim e para a barragem do Cuia que abastece a cidade?

Um comentário:

  1. Não se poderia esperar outra coisa senão esta catadupa de barbáries de uma mineradora como a Yamana Gold. Agora é deveras horripilante saber que entidades do tipo da UNIVASF e UNEB ousaram extrapolar as suas funções de educação com independência de conhecimento atrelada e vendida à mineradora, fazendo o trabalho sujo de esconder a sujeira. Merece uma intervenção por parte da Promotoria Pública que bem pode agir neste sentido coibindo as ações diametralmente opostas à suas prerrogativas educacionais. Será que não serão tomadas providências para conter tais descalabros?

    Luiz Dourado

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